Uma passageira denunciou o motorista de um aplicativo à polícia por ele querer cobrar a corrida com sexo e mostrar as partes íntimas para ela. A vítima, uma vendedora de 25 anos, conta que estava na casa de uma amiga e solicitou ao namorado dela, que é policial militar, que chamasse um carro do aplicativo para levá-la para casa, pois ela não estava conseguindo.
Foi por volta das 2 horas da madrugada de sexta-feira e a mulher foi atendida pelo motorista de um Fiat Siena prata. A caminho do bairro Bela Vista, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, a mulher conta que já começou a estranhar o comportamento do motorista. “Teve o percurso normal, mas no meio do caminho ele veio com um papo estranho, que o meu namorado era louco de deixar eu pegar o carro do aplicativo sozinha, naquele horário, sabendo que eu era muito gostosa. Naquele instante eu fiquei meio apreensiva, mas correu tudo bem na corrida. Chegando à porta da minha casa, ele disse que não tinha troco para R$ 50 e falou que eu teria que andar com ele para trocar o dinheiro. Foi quando eu mandei a mensagem para o meu namorado falando que ele estava rodando comigo e que eu estava com medo”, contou a vítima.
A mulher disse que pediu ao motorista para deixá-la na porta da casa dela e que forneceu o número do celular dela para ele pegar o dinheiro no dia seguinte. “Ele pegou o número e falou que depois não iria porque já tinha levado muito ‘ferro’. Eu falei para ele ficar com o dinheiro todo para ele, dei a nota de R$ 50 para uma corrida de R$ 17. Que ficasse com o troco. Mas ele falou que não iria ficar no prejuízo e que eu também não ficaria no prejuízo, que iria achar um lugar para trocar o dinheiro. Eu fiquei apreensiva e ele travou as portas. Pedi a ele para parar, mas ele continuou dando volta comigo no bairro e parou numa rua atrás da minha casa. E quando eu eu havia mandado mensagem para meu namorado, meu celular descarregou. Não tive como avisar ninguém”, conta a vítima.
MEDO
A vendedora conta que o motorista parou o carro e disse que pegaria o dinheiro com ela no dia seguinte, mas mudou de ideia logo em seguida. “Ele falou: ‘Não, mas não vou querer o pagamento em dinheiro. Ou melhor, você pode me pagar agora’. E já tirou a calça e começou a fazer atos obscenos dentro do carro e tentou passar para o banco traseiro, onde eu estava. Foi quando eu abri a porta e corri para a minha casa. No dia seguinte, como eu tinha passado o número do celular para ele, ele ficou me ligando, dizendo que estava na porta da minha casa, mandando mensagem e me chamando de gostosa”, relatou a vítima.
Ainda de acordo com a vendedora, o motorista mandou mensagens com outras intenções. “Depois ele veio com outras intenções, dizendo que eu tinha interpretado mal, perguntando se ele poderia me ligar, dizendo que eu tinha confundido as coisas. Mas eu não interpretei mal. Ele tirou as calças. Poderia ter acabado em um estupro”, reagiu a vítima.
A vendedora conta que o namorado telefonou para a empresa do aplicativo. Depois, a empresa telefonou para ela pedindo informações do que tinha acontecido. Como informações do motorista e a placa do carro.
“A empresa falou que eu não era a única vítima que reclamou do motorista, mas que não podia me passar informação sem o boletim de ocorrência. Disse que não afastou o motorista no momento porque não havia nenhum boletim de ocorrência ou prova contra ele, pois nenhuma outra vítima foi adiante no processo”, disse a vendedora.
Ela registrou boletim de ocorrência contra o motorista, com o nome dele, placa e modelo do veículo. A mulher guardou as mensagens do celular como provas para a polícia.
“Eu tive sorte de escapar. E se eu não tivesse conseguido? E se fosse uma pessoa mais nova do que eu e que não tivesse essa coragem de correr? E se ele tivesse armado, o que seria de mim? Estou com muito medo. Ele sabe onde eu moro e pode voltar depois para se vingar”, disse a vítima.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da empresa responsável pelo aplicativo e ela ainda não se manifestou. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que trabalham em regime de plantão, por causa do carnaval, e como o caso aconteceu na sexta-feira não tem como saber se o inquérito policial para investigar o caso já foi instaurado.