A Prefeitura de Belo Horizonte reduziu os locais de vacinação contra a Covid da segunda dose para profissionais de saúde de 43 a 49 anos sem informar o público-alvo. Dos 126 postos que fariam a vacinação, apenas 46 estão de fato aplicando a segunda dose nesta sexta-feira (21).
No site da prefeitura consta que a informação foi alterada na quinta-feira (20), às 17h15. O corte dos postos de vacinação pegou muita gente de surpresa, tendo que ir para outro posto de saúde de última hora e encontrando filas maiores.
A dentista Fernanda Alves Siqueira mora no bairro Trevo, na região da Pampulha, e chegou às 7h ao posto de saúde do bairro, quando foi informada que o local não recebeu as vacinas para a segunda dose. A enfermeira do posto contou que só foi informada que não haveria a vacinação na tarde de quinta-feira. Ela orientou Fernanda a buscar outro posto da região.
Desde quarta-feira (19), Fernanda buscava informações sobre o local de vacinação e já havia se deparado com ao menos duas informações equivocadas sobre onde poderia ser imunizada. Por telefone, uma atendente do posto afirmou à ela que lá a vacinação ira ser feita apenas para funcionários do próprio posto e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região, orientação diferente da encontrada na página da Prefeitura de Belo Horizonte.
“Como recebi informações desencontradas, resolvi ligar para a prefeitura, pelo telefone 156, mas fui atendida por uma pessoa que parecia não saber de muita coisa. Quando contei a situação, ela me disse que eu deveria entrar em contato com a corregedoria e relatar o caso. Depois, teria de esperar 30 dias para ter uma resposta”, contou Fernanda, exibindo uma impressão dos postos que iriam fazer a vacinação de acordo com a prefeitura, onde constava o posto do bairro Trevo.
A dentista entrou em contato com uma amiga e colega de profissão e decidiram ir na manhã desta sexta-feira (18) no posto do bairro Trevo. Só então foram informadas que a vacinação não seria feita no local e resolveram ir para o posto de vacinação Dom Orione, também na região da Pampulha, onde teve que enfrentar uma fila de quase uma hora para finalmente ser vacinada.
“É muita desorganização, poderia ter sido mais bem organizado e a prefeitura deveria ter informado melhor. A gente fica indo pra lá e prá cá, sendo que a gente tem que trabalhar. É um descaso, cheguei no primeiro posto às 7h, e só duas horas depois fui vacinada”, descreveu. Fernanda destacou que a data de vacinação deste grupo já havia sido alterada e que foi dado um único dia para receber a segunda dose do imunizante.
Renata Ledsham, 48, acompanhou toda esta jornada ao lado da amiga e se disse revoltada com o descaso. “Uma falta de respeito. Minha secretária foi no posto do bairro onde mora e só quando chegou lá foi informada que não tinha vacina. Ela teve que pegar um ônibus para ir em outro posto mais distante. Isso é muito complicado para as pessoas que trabalham”, avaliou.
No posto Dom Orione muita gente relatava só ter ficado sabendo da mudança quando já estava na fila para vacinar em outro lugar. Luciana Ferraz, 48, gerente de uma clínica médica, foi até o drive thru da UFMG, que estava fechado. “É uma desorganização descomunal. A prefeitura tinha que ter informado sobre isso. Até ontem pela manhã o site informava que eu poderia vacinar lá, e agora tive que pegar fila aqui em outro posto”, descreveu.
Eduardo Geraldo Alves Coelho trabalha como biólogo na UFMG e às 7h da manhã era o segundo carro da fila para vacinar no drive thru dentro da universidade, quando foi informado pelo segurança do local que não haveria vacinação. Ele só foi saber que haveria vacinação em outro posto ao ser orientado por colegas de trabalho. “Cheguei aqui por volta das 8h e já estou há quase uma hora e ainda não fui vacinado”, contou.
Fernanda Ribeiro, 46, é dentista e mora no bairro Castelo, na região da Pampulha, e desde quarta-feira (18) acompanhava o site da PBH. Ela pretendia receber a segunda dose no drive thru do shopping Del Rey, mas por sorte entrou no site da prefeitura para conferir os pontos de vacinação. “Foi por sorte mesmo, porque não vi em lugar nenhum falando que ia mudar o ponto de vacinação”, conta.
Mesma situação enfrentada por uma pesquisadora da área biológica, que estava na fila do posto de saúde e pediu para preservar sua identidade. Ela chegou a entrar dentro do estacionamento do shopping com o carro. “Tive que vir pra cá, mas perdi tempo entre um lugar e outro e agora peguei uma fila um pouco mais longa. A minha sorte é ter carro, mas imagino quem tem que ficar mudando de um posto para outro a pé ou de ônibus”, reclamou.
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que os locais de vacinação, por grupo prioritário, estão disponíveis no portal da PBH, nos centros de saúde e pelo telefone 156, mas não se pronunciou sobre a falta de divulgação sobre a redução dos postos de vacinação. Ainda segundo o governo municipal, devido à logística das campanhas de vacinação contra Covid-19 e contra a gripe, que estão ocorrendo simultaneamente, e como forma de evitar aglomeração nas unidades de saúde e postos de vacinação, foi feito o direcionamento de grupos prioritários para diferentes locais.