Com informações do Uol
Um pedaço gigante de metal, pesando cerca de 600 kg, foi localizado em março numa propriedade do interior do Paraná. Agora, a AEB (Agência Espacial Brasileira) afirma que o material trata-se mesmo de um “derivado de um artefato espacial” — o que alguns chamam popularmente de lixo espacial.
De forma resumida, lixo espacial é um objeto artificial feito por humanos e enviado ao espaço. Quando ele deixa de ter função, fica vagando por lá. Em algumas ocasiões, estes objetos voltam à Terra. Peças e estruturas de satélites e foguetes são os exemplos mais comuns.
Segundo especialistas, o material localizado pelo casal João Ricardo Pacheco e Joseane Maria Franco em São Mateus do Sul (PR), no dia 16 de março, tem grande probabilidade de ser um pedaço de foguete Falcon 9, da SpaceX, companhia espacial do bilionário sul-africano Elon Musk.
De acordo com a agência, o material foi isolado para que a equipe pudesse coletar dados e verificar a origem da peça metálica. O próximo passo é informar às autoridades do país de origem do equipamento. Oficialmente, a AEB não confirma que o material pertence à SpaceX.
Para Thiago Gonçalves, professor de astronomia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e colunista de Tilt, lixo espacial é o que ainda está em órbita, contaminando o espaço ao redor da Terra, e o derivado de artefato espacial deve ser resultante de algo no espaço, mas que caiu aqui.
O que vai acontecer com o material?
Uma vez identificado o dono, é comum que a empresa se interesse por reaver o equipamento. Em entrevista à Tilt na época do incidente, Anisio Lasievicz, astrônomo e diretor do Parque da Ciência Newton Freire Maia, em Pinhais (PR), afirmou que “esses metais preservam algumas informações valiosas para o seu construtor”.
O astrônomo Naelton Araújo, também consultado à época, afirma que o material presente em lixos espacial pode ser reciclado. No entanto, ele sugeriu que a peça fosse exposta em museus. Seria uma boa maneira de discutir lixo espacial num aspecto ambiental e tecnológico”, afirmou sobre a ajuda dessa estratégia para a divulgação científica.
Caso o material encontrado não interesse às autoridades brasileiras nem à SpaceX (possível dona do lixo espacial), ele pode virar “lembrancinha” de quem o encontrou.
Segundo a AEB, o tratado sobre exploração e uso do espaço cósmico determina que a agência notifique o Estado-Lançador “para que dê a destinação adequada ao objeto” — algo que a agência informa já ter feito.
A identificação foi feita por meio de um registro da ONU (Organização das Nações Unidas), que reúne todos os objetos espaciais lançados da Terra.
Como o objeto foi encontrado?
Quem achou a peça foi o casal João Ricardo e Joseane Maria Franco, cujo lixo espacial caiu a quase 50 metros de distância da residência deles. O peso do material é de aproximadamente 600 kg e tem quatro metros de comprimento.
No momento da queda, Joseane e João ouviram um barulho bastante alto, mas não conseguiram descobrir do que se tratava no momento. Quando puderam reconhecer o objeto, ficaram assustados por não haver nada semelhante na região.