A indústria 4.0 está provocando uma mudança de paradigma na indústria em todo o mundo e o Brasil precisa se manter atualizado. Para o país, entretanto, a migração para o sistema de manufatura avançada deve ser feita de uma forma qualificada e ágil. A ideia é que as empresas deixem seus processos de produção mais dinâmicos e não fiquem ultrapassadas em relação às suas concorrentes internacionais.
Em Minas Gerais, a implantação da Indústria 4.0 – também conhecida como quarta revolução industrial – está acontecendo gradualmente. Segundo o Gerente de Educação para a Indústria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Minas Gerais, Ricardo Aloysio, o desafio do órgão é propagar a ideia da Indústria 4.0 nas pequenas e médias empresas. Segundo ele, as grandes corporações têm a vantagem de possuírem mais recursos financeiros e tecnológicos e, por isso, costumam aderir às inovações mais rapidamente.
“O nosso desafio aqui em Minas, não que seja diferente do resto do Brasil, é acelerar esse processo nas grandes (empresas). E colocar as pequenas, e principalmente as médias empresas, – essas duas categorias são a maioria da indústria em Minas – nessa agenda de 4.0”, defende ele.
Segundo Ricardo Aloysio, o fato de as pequenas e médias empresas no estado possuírem processos produtivos manuais e industrializados não impede que os processos da quarta revolução industrial sejam inseridos nessas organizações. “As pequenas e as médias (empresas) têm ainda um processo muito manual e industrializado. A maioria delas, independentemente do setor, não estou setorizando nesse momento. É totalmente possível e viável a gente embarcar a indústria 4.0 nos processos mecanizados e inclusive nos processos manuais. Isso é possível e temos uma agenda para isso”, afirma.
Para o Especialista em Desenvolvimento Produtivo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Valdênio Araújo, já existe uma discussão sobre a necessidade de implantação da Indústria 4.0 nas empresas, que cada vez mais notam a necessidade de novos processos no chão das fábricas. “Existe uma agenda conceitual em toda a indústria, já existe esse debate da necessidade de migrar, fazer uma ligação, uma transformação na jornada digital para que a gente coloque essa indústria gradativamente no conceito da indústria 4.0”, diz.
A fábrica da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), localizada em Betim, faz o uso da tecnologia com o objetivo de operar com mais produtividade e eficiência na fabricação de veículos. Para isso desenvolveram o laboratório Manufacturing2020, que é composto por diversas plataformas dedicadas ao experimento de novas tecnologias ao reproduzir, no meio digital, cenários reais. É o que explica o Coordenador do Manufacturing2020 da FCA, Marcelo Lima.
“Quando a gente fala do Manufacturing2020, a gente traz, de uma forma bem geral, essas tecnologias, para serem empregadas aí, aumentando qualidade, melhorando e trazendo inovação para os nossos processos. Hoje, temos diversos softwares. A gente tem software desde o momento em que estou desenhando a matemática do produto, desenhando o design do meu carro, até a etapa em que está saindo o meu primeiro carro da manufatura, da montagem final. A gente consegue interagir com esse software através de realidade virtual, sendo imersiva ou totalmente imersiva para que a gente consiga ter o mais próximo, é o chamado conceito do Digital Twin, então a gente consegue fazer com que o meu processo esteja idêntico, semelhante ao meu processo virtual”, afirma.
O surgimento da Indústria 4.0 vem transformando a produção industrial com novos processos, produtos e modelos de negócios impensáveis há poucos anos e promete tornar os modelos convencionais de produção gradualmente ineficientes.
O processo no Brasil
Com o intuito de ajudar o Brasil a colocar em prática os avanços tecnológicos da Indústria 4.0, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) encaminhou uma série de propostas aos candidatos à presidência da República, como a criação de medidas de apoio à modernização industrial e aplicação de tecnologias digitais, melhoria da infraestrutura de telecomunicação e desenvolvimento de estratégias para a formação e qualificação profissional. As propostas fazem parte do documento Propostas da Indústria para as Eleições. Segundo a CNI, 48% das grandes empresas brasileiras pretendem investir em tecnologias 4.0, em 2018.
Até 2025, os processos relacionados à Indústria 4.0 poderão reduzir custos de manutenção de equipamentos entre 10% e 40%, reduzir o consumo de energia entre 10% e 20% e aumentar a eficiência do trabalho entre 10% e 25%.