Os pequenos empreendedores são maioria no comércio on-line brasileiro. Entre as empresas que vendem exclusivamente pela internet, 90% são de menor porte, com faturamento de até R$ 3,6 milhões, de acordo com estudo do Sebrae com a E-commerce Brasil.
Já entre as empresas que têm lojas físicas e também vendem pela rede, 71% são pequenas. E o interesse pela venda on-line é crescente: 28% dos e-commerces tiveram início nos últimos dois anos.
Se por um lado criar uma loja on-line facilita a vida do pequeno empreendedor ao livrá-lo dos custos de um ponto físico, ser bem-sucedido na internet exige muito mais do que colocar o site no ar.
Carolina Cavalcante, 26, sócia da BUW, especializada em roupas de trabalho para mulheres, teve de criar um planejamento específico para atender às clientes on-line.
Um dos passos foi gerar um estoque que serve de centro de distribuição para o site. Outro foi desenvolver uma curadoria para as peças, para se destacar das outras lojas de roupas da web.
“As clientes recebem em casa uma malinha com peças pré-selecionadas por uma personal stylist e podem escolher os looks que querem comprar. A assessora também vai à casa da cliente para auxiliar”, explica Cavalcante, que optou pelo e-commerce após perceber queda nas vendas da loja física.
Desde a implementação do novo canal, em 2012, seu faturamento cresce 15%ao ano.
NA CARNE
Outro que adaptou sua loja ao mundo on-line foi o açougue Bom Gaúcho, de Porto Alegre (RS). No site da empresa ou via aplicativo, criado neste ano, o cliente pode pedir cerca de 220 tipos de carnes e cortes.
Para começar a vender na rede, a companhia investiu cerca de R$ 120 mil em itens como marketing, tecnologia e novas embalagens.
Até as porções de carne tiveram de ser adaptadas ao novo formato. “Os nossos produtos foram todos padronizados em pacotes de 300 gramas a cinco quilos. Nosso foco são as refeições do dia a dia”, diz Felipe Baingo, 27, um dos sócios da companhia.
Segundo o empreendedor, as vendas on-line já somam 50% do faturamento da empresa, que deve chegar a R$ 16 milhões até o fim deste ano. O próximo passo do açougue, previsto para as próximas semanas, é o lançamento de um aplicativo para cadastrar revendedores.
PASSO A PASSO
Para quem quer levar o negócio para a rede, alguns itens são fundamentais, de acordo com a consultora do Sebrae-SP Ariadne Mecate.
Primeiro é preciso decidir se os estoques das lojas física e on-line serão integrados, o que demanda um bom sistema de gestão. Em seguida, é necessário planejar o controle financeiro das duas lojas, que têm características distintas, como custos com logística ou funcionários.
Também deve-se ter uma verba para ações de marketing, que incluem avisar aos clientes da loja física sobre o e-commerce.
“O site deve oferecer meios de pagamentos seguros, mostrar o endereço físico da empresa, telefone de contato e políticas de troca e garantia para que o consumidor não sinta receio de fazer a compra”, afirma Mecate.
SÓ UMA OLHADINHA
Conseguir que um internauta entre na loja virtual está longe de ser garantia de compra, dizem especialistas. O principal problema do vendedor é convencê-lo a abrir a carteira.
No Brasil, a taxa de conversão do e-commerce é estimada em apenas 1,5%,isto é, de 200 visitas um site, só 3 efetivamente resultam em venda.
“Por isso são necessárias não apenas medidas para aumentar as visitas no site como também para criar identificação dos consumidores com a marca”, diz Mercate.
Uma maneira de conseguir isso é fugir da competição direta com as grandes redes de varejo on-line e encontrar um nicho especializado.
Para Gabriel Lima, diretor da consultoria de comércio eletrônico eNext, um negócio on-line com boa reputação não pode abrir mão do esmero com a qualidade visual do site, o que inclui boas fotos e bons vídeos dos produtos, uma identidade visual adequada ao público-alvo e descrições completas dos itens.
Também é essencial ter agilidade no atendimento ao cliente, seja por telefone, chat ou e-mail.