Romper com o paradigma da ausência das vilas e favelas e trabalhar com a potência artística desses lugares. Esse é o objetivo do Periferias em Rede, que será lançado nesta quinta-feira (5), a partir das 19h, na Casa do Beco (Av. Arthur Bernardes, 3.876, Santa Lúcia). Idealizado pela ONG Favela É Isso Aí em parceria com a Casa do Beco, a ideia dos organizadores é que o projeto funcione como uma rede colaborativa, na qual agentes culturais de periferias de Belo Horizonte e região Metropolitana fortaleçam seus contatos a partir de trocas de experiências e da realização de atividades em parceria.
O projeto é uma atualização do “Guia Cultural de Vilas e Favelas”. Lançado em 2004 pela antropóloga Clarice Libânio, o mapa identificou aproximadamente 15 mil artistas e centros culturais da periferia de Belo Horizonte. De acordo com Clarice, entretanto, o Periferias em Rede se diferencia do guia em três principais pontos: ampliação do mapeamento para a região metropolitana, mudança do caráter de catálogo do guia e a construção de uma plataforma online colaborativa.
Quanto ao último ponto, Clarice destaca: “Nessa plataforma, cada grupo artístico poderá se cadastrar em um banco de dados que terá como objetivo a realização de atividades em comum. Hoje, já existe um Mapa da Cultura desenvolvido pelo Ministério da Cultura, mas a nossa ideia é que a plataforma forme uma rede de trocas e de oportunidades”, avalia Clarice. A previsão de lançamento, segundo ela, é para agosto deste ano.
Outra iniciativa do projeto é publicar, em dezembro, uma versão impressa do “Guia Cultural de Vilas e Favelas” onde estarão mapeados agentes culturais e artistas da capital e das outras 34 cidades que integram a região a região Metropolitana de Belo Horizonte. O mapa será montado a partir dos dados coletados na plataforma colaborativa e no trabalho de pesquisa de integrantes e parceiros da ONG.
“É um projeto que dá visibilidade a esses centros culturais e artistas não só do ponto de vista do mercado, mas também das próprias políticas públicas. Ele aponta formas como o poder público deve tratar dessas questões”, comenta Clarice, enaltecendo a importância do projeto.
ONG. O “Favela É Isso Aí” é uma ONG criada como desdobramento “Guia Cultural de Vilas e Favelas”. O trabalho da organização consiste, essencialmente, na pesquisa e divulgação da arte produzida na periferia. “Nós tínhamos um estúdio, onde foram gravados nove CDs, mas ele acabou fechando. Também mantemos por muito tempo um programa de divulgação do trabalho na rádio Inconfidência”, comenta Clarice.