A pedido do ator e humorista Orival Pessini, que morreu aos 72 anos no último dia 14 de outubro vítima de um câncer, o acervo com todos seus personagens foi incinerado nesta segunda-feira (24), em São Paulo, informou o filho, Pedro Pessini, de 27 anos, sem dar muitos detalhes. Entre os mais famosos como Fofão, do Balão Mágico e Patropi, um típico hippie universitário, vão ficar eternizados com o ator.
“Meu pai sempre dizia que quando ele morresse, os personagens também iriam com ele, porque ele era único. Todos foram incinerados, as formas de gesso foram quebradas. Isso é um desejo antigo dele, desde que eu era adolescente ele já falava isso”, conta Pedro.
Pessini nasceu em Pompeia, na região de Marília, em 6 de agosto de 1944. Ele foi levado ainda bebê para Marília, onde viveu até os sete anos.
Pedro contou ao que, apesar da incineração do acervo, novos projetos estão por vir. “Como pessoa ele se foi, mas os projetos continuam. Os projetos continuam, tem projeto para desenho animado do Fofão.”
Doença
Orival Pessini morreu no dia 14 de outubro em São Paulo, vítima de um câncer. A família do ator, nascido em Pompeia em 1944, acompanhou de perto a luta dele contra a doença.
“Meu pai vinha lutando contra o câncer há 1 ano e 10 meses. A doença começou no pâncreas, ele fez quimioterapia e a saúde ficou estabilizada, mas apareceu um cisto no fígado e foi detectado que era mais um tumor. Então nós começamos a lutar novamente”, relatou Pedro, logo após a morte do pai.
A mãe de Pedro e ex-mulher de Pessini, Marlene Elisa, contou que a doença foi descoberta durante as gravações do filme Carrossel, e que o ator só terminou o filme porque teve ajuda dos médicos. “Ele quase foi embora [das gravações], mas pediu para os médicos o ajudarem a terminar o filme. Foi muito bonito. Ele venceu a primeira etapa, fez quimioterapia e fez o filme. Eu assisti às gravações das cenas e ele ia de cadeira de rodas, quando se cansava, deitava na cama com um enfermeiro sempre junto”, lembra.
Carreira de sucesso
O humorista iniciou a carreira no teatro amador e atuando em comerciais. Estreou na TV em 1963, no infantil “Quem conta um conto”, da TV Tupi. O sucesso viria anos depois, com os personagens Sócrates e Charles, do “Planeta dos Homens” (Globo).
Fofão foi criado em 1983, para o programa “Balão Mágico” (Globo). O alienígena atrapalhado de enormes bochechas, nascido no planeta fictício “Fofolândia”, tornou-se um dos mais populares personagens infantis dos anos 1980.
Em 1986, migrou para a Rede Bandeirantes, onde estreou um programa inteiramente dedicado ao monstrinho. O “TV Fofão” ficou no ar até 1989.
Antes do fim da atração, criou outro personagem de sucesso, o Patropi, para o programa “Praça Brasil”. Um típico hippie universitário, o personagem tornou famosos bordões como “Sei lá, entende?!” e “Sem crise, meu!”. Como Patropi, participou ainda do “A Praça É Nossa” e “Escolinha do Gugu”, ambos do SBT, “Escolinha do Professor Raimundo” (Globo) e “Escolinha do Barulho” (Record).
No “A Praça É Nossa”, também lançou o locutor Juvenal, conhecido pelo bordão “Numa velocidade…”. Entre seus personagens, está ainda Ranulpho Pereira, um aposentado reclamão que participou de “Uma Escolinha Muito Louca” (Band).
Em 2014, atuou sem máscara na série “Amores Roubados” (Globo), como o padre José. Nos últimos anos da carreira, também se apresentava com o espetáculo “Eles sou eu”, uma síntese dos quase 30 anos de trabalho, na qual revivia alguns de seus principais personagens.
O personagem Fofão foi um dos homenageados pela escola de samba Rosas de Ouro em 2014. “Fico abismado com a reação do público. Fofão fez 30 anos em 2013 e as pessoas querem fazer foto comigo. Hoje em dia participo de eventos para adultos. Pessoas que me viam quando criança”, disse Pessini ao G1 antes do desfile.