A crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus tem forçado os micro e pequenos empresários a buscarem empréstimos para conseguirem manter o negócio funcionando.
O problema é que 86% dos empreendedores que buscaram crédito desde o início das políticas de distanciamento social ou tiveram o pedido negado ou ainda aguardam análise dos bancos, segundo levantamento realizado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.
É o caso da Juscélia Ticusse, dona de um restaurante na Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal. Ela relata que ainda não conseguiu acessar os programas de crédito ofertados para o momento de crise.
Um novo programa de crédito para micro e pequenas empresas foi sancionado nesta terça-feira (19) com recursos que chegam a cerca de R$16 bilhões. Porém, em um dos vetos presidenciais, foi retirado do projeto o artigo que impedia que o banco negasse o empréstimo para empresas com alguma inadimplência.
O veto dificulta o acesso ao crédito para a dona do restaurante do Distrito Federal, Jucélia Ticusse. Ela revela que contraiu uma dívida, pela primeira vez em 5 anos, no início da pandemia, quando não tinha como pagar alguns fornecedores por causa do restaurante fechado.
Hoje Jucélia faz entregas de comidas prontas por encomendas, mas só fatura cerca de 8% do que conseguia antes da crise.
A pesquisa do Sebrae com a FGV entrevistou mais de 10 mil empresários entre os dias 30 de abril e 5 de maio. 90% deles tiveram queda na receita mensal.
Na média, o faturamento dos pequenos negócios na semana pesquisada caiu 60% em relação ao período pré-crise. O resultado, porém, foi melhor que nas semanas anteriores, quando a pesquisa identificou quedas de 64% e 69% no faturamento dessas empresas.
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, a dificuldade para acessar crédito pode ter algumas razões, entre elas: as elevadas taxas de juros, o excesso de burocracia ou a falta de garantias por parte das pequenas empresas.