A Polícia Federal (PF) desencadeou nesta quinta-feira (11) a quarta fase da Operação Última Milha, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa incrustada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ligada a influenciadores do autodenominado “gabinete do ódio”.
A ação incluiu a emissão de cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, abrangendo as cidades de Brasília, Curitiba, Salvador, São Paulo e Juiz de Fora (MG).
A gravidade das acusações revela um cenário alarmante de espionagem ilegal, onde ex-servidores da Abin, em conluio com influenciadores digitais, utilizaram sistemas da agência para monitorar autoridades públicas e disseminar notícias falsas.
As investigações da PF apontam para um modus operandi sofisticado, que envolvia a criação de perfis falsos e a propagação de fake news direcionadas a membros dos Três Poderes e jornalistas.
Entre os alvos da operação está Marcelo Araújo Bormevet, agente da PF desde 2005, atualmente suspenso de suas funções por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A suspensão ocorreu em janeiro de 2024, no âmbito da investigação sobre a chamada “Abin paralela”. A Controladoria-Geral da União (CGU) também abriu um processo administrativo contra Bormevet em abril, conforme reportado pela CNN.
Os membros desta organização criminosa não apenas violaram a privacidade de indivíduos ao acessarem ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestruturas de telecomunicações, mas também atentaram contra o Estado Democrático de Direito.
As acusações incluem crimes de organização criminosa, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivos informáticos.
É inquietante observar a infiltração de ex-servidores da Abin, uma instituição que deveria zelar pela segurança e inteligência do país, em atividades ilícitas que comprometem a integridade das instituições democráticas.
A operação da PF, que atua em diversas frentes para desmantelar esta rede criminosa, é um passo crucial na luta contra a espionagem ilegal e a desinformação que corroem a confiança pública e a ordem democrática.
A defesa de Bormevet ainda não se pronunciou sobre as recentes acusações. O Tudo Em Dia deixa o espaço aberto para a manifestação da defesa.
Poder Judiciário (STF)
- Alexandre de Moraes: não vai comentar.
- Dias Toffoli: não vai comentar.
- Luís Roberto Barroso: não vai comentar.
- Luiz Fux: não vai comentar.
Poder Legislativo
- Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados: não se pronunciou.
- Rodrigo Maia, então presidente da Câmara dos Deputados: não se pronunciou.
- Kim Kataguiri, deputado federal: “Mais uma prova do aparelhamento criado pelo governo Bolsonaro nas instituições para perseguir seus adversários políticos. Eles que agora se dizem vítimas da perseguição do PT não pensaram duas vezes em fazer o mesmo quando estiveram no poder. Irei tomar as medidas judiciais cabíveis e essa perseguição contra mim e meus assessores não ficará impune”
- Joice Hasselmann, então deputada federal: não se pronunciou.
- Alessandro Vieira, senador: “A operação de hoje da PF mostra que fui vítima de espionagem criminosa e ataques on-line praticados por bandidos alojados no poder no governo passado. Isso é típico de governos ditatoriais. O Brasil segue cheio de problemas, mas ao menos do risco de volta da ditadura nos livramos”.
- Omar Aziz, senador: não se pronunciou.
- Renan Calheiros, senador: não se pronunciou.
- Randolfe Rodrigues, senador: “A violação dos direitos fundamentais à vida privada, à honra e ao sigilo pessoal remetem às páginas mais autoritárias e obscuras da história do Brasil e da humanidade. Quaisquer indícios de violações a tais direitos devem ser rigorosamente apurados e punidos. Tem significado de diagnóstico o fato de que, além do meu monitoramento pessoal, os demais colegas, Omar Aziz e Renan Calheiros, também foram monitorados. Juntos, dirigíamos a CPI da Covid, o que confere tons de tragédia ainda maior à situação. Enquanto brasileiros morriam, o governo anterior se preocupava em espionar a vida dos que investigavam as razões do genocídio em curso.”.
Poder Executivo
- João Doria, governador de São Paulo: não se pronunciou.
- Hugo Ferreira Netto Loss, servidor do Ibama: não se pronunciou.
- Roberto Cabral Borges, servidor do Ibama: não se pronunciou.
- Christiano José Paes Leme Botelho, auditor da Receita Federal: não se pronunciou.
- Cleber Homen da Silva, auditor da Receita Federal: não se pronunciou.
- José Pereira de Barros Neto, auditor da Receita Federal: não se pronunciou.
Jornalistas
- Mônica Bergamo: “Ainda tentando entender como fui monitorada.”
- Vera Magalhães: não se pronunciou.
- Luiza Alves Bandeira: não se pronunciou.
- Pedro Cesar Batista: não se pronunciou.