Integrantes da Polícia Federal revelaram que a operação desta quinta-feira (25) desvendou um grave abuso de poder: o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar e investigar governadores e membros do Supremo Tribunal Federal. As suspeitas recaem sobre o ex-chefe da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal pelo PL do Rio.
Segundo informações obtidas por fontes próximas à investigação, a Abin teria sido utilizada para monitorar de forma ilegal ministros como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ex-governador Camilo Santana, atual ministro da Educação do governo de Lula, entre outros.
A operação de hoje, denominada “Vigilância Aproximada”, é um desdobramento da operação “Primeira Milha”, que teve início em outubro de 2023 para investigar o suposto uso criminoso da ferramenta “FirstMile”. As autoridades suspeitam que tenha havido o uso de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis, como celulares e tablets, sem autorização judicial e sem o conhecimento dos próprios monitorados.
Alexandre Ramagem é um dos principais alvos da operação. As buscas ocorrem em seu gabinete na Câmara dos Deputados e em seu apartamento funcional. Em meio à investigação, Ramagem enfrenta duras críticas. Uma fonte, não identificada, afirmou: “Já entendi qual é o significado da palavra ‘liberdade’ para ele [Alexandre Ramagem]. Liberdade é desrespeitar a Constituição e as leis brasileiras.”
Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, não poupou palavras ao declarar sua indignação com as revelações. Durante um jantar na residência oficial da Câmara com o ministro Gilmar Mendes, Maia relatou um incidente em que bolsonaristas começaram a vazar nas redes sociais informações falsas sobre uma suposta conspiração contra o governo Bolsonaro, alegando que estavam tramando na residência oficial.
Maia afirmou: “Se for comprovado que houve o uso da Abin para monitoramento ilegal da minha gestão na Câmara, eu vou até as últimas consequências buscar a punição”. Ele não descartou a possibilidade de abrir um processo contra Alexandre Ramagem e aqueles envolvidos no escândalo.
O caso levanta preocupações sérias sobre a autonomia das instituições e o respeito às leis e à Constituição brasileira. A população aguarda com expectativa os desdobramentos dessa investigação e as medidas que serão tomadas para assegurar a integridade do sistema democrático do país.