Uma ação com o intuito de valorizar o corpo e celebrar a diversidade, para que cada um se sinta satisfeito com o seu jeito e suas formas, fez parte da “cachoeira”, uma das grandes atrações do Carnaval de 2018 de Belo Horizonte, localizada na Praça da Estação, na região central da cidade. Pinturas ao vivo foram feitas em vários foliões, que serviram de exemplo para aceitar o convite e derrubar o mito do corpo perfeito. Depois de passar por São Paulo, foi a vez de Belo Horizonte também receber a iniciativa.
“Eu sei tocar arpa, cantar, sou bailarina, enfim, sei fazer muita coisa, mas as pessoas olham para o meu corpo e só veem aquela imagem caricata de uma transexual. Por isso, trazer esse assunto à debate é muito importante e fiquei feliz em participar desse movimento. O carnaval é uma época em que parece que tudo é válido, mas não é assim. Projetos como esse reforçam que nossos corpos são diversos e isso não é um problema. O problema é até que ponto o outro acha que só por ser como eu sou, estou invadindo algum espaço dele. Na verdade é ele quem invade o meu espaço quando me agride de alguma forma. É preciso ter respeito não só no carnaval, mas no ano inteiro” reforça a trans Lázara Henrique dos Anjos Silva, 25 anos.
O mineiro Carlos Henrique Fonseca, de 27 anos, foi outro participante, que aproveitou a oportunidade para mostrar que cada um deve aceitar seu corpo como ele é. “Sempre fui gordo e até dois anos atrás não conseguia tirar a roupa perto de outras pessoas. Só recentemente comecei a me sentir melhor e mais confortável comigo mesmo. No ensino médio foi a época em que mais sofri. Ficava muito constrangido em qualquer ocasião em que as pessoas tinham que tirar a roupa. Acho que só de estarmos aqui nos sentindo bem com nosso corpo, celebrando do jeito que ele é, com tantas pessoas em volta e percebendo que elas não veem nada de errado com a gente, é uma conquista. O importante é você se gostar, se aceitar, para ficar bem e isso irá se refletir no outro e na forma como ele te vê”, reflete.
A responsabilidade das pinturas foi do artista curitibano Douglas Reder. “É a primeira vez que pinto modelos tão diversos e está sendo uma experiência de conexão incrível com seus corpos e histórias. O Carnaval é uma época de mais liberdade e aceitação, perfeita para falarmos e inspirarmos mais pessoas”, comenta. O movimento irá passar ainda por Porto Alegre esta semana, afim de reforçar a ideia de mais aceitação e menos preconceito.