Um policial militar foi preso em flagrante por agredir um motorista de aplicativo de corrida na madrugada deste domingo (30), no bairro Belo Vale, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. O motorista Glauber Rocha Soares afirma que o policial o perseguiu de carro após o condutor ter tido um desentendimento com a esposa do militar durante uma corrida.
Glauber conta que, depois de terminar a corrida, por volta das 2h, percebeu que estava sendo perseguido por um carro Mitsubishi Lancer. “O condutor desse carro vinha piscando farol e buzinando e, quando pareou comigo, apontou uma arma pra mim e mandou eu parar. Como eu não sabia o que estava acontecendo, acelerei pra fugir. Depois, ele me ultrapassou e deu uma freada, me fechando”, descreveu.
“Depois disso ele, chegou ao lado do carro e bateu com a arma na minha cabeça e me deu várias coronhadas. Ele me mandava descer do carro, mas por sorte consegui travar as portas e não desci. Depois disso ele passou a bater e amassar a lateral do meu carro, foi quando finalmente uma viatura da PM chegou e mandou que ele parasse com as agressões. Foi só depois disso que eu desci do carro”, afirmou.
A agressão ocorreu na avenida Adair de Souza, a poucos quarteirões de onde a passageira havia sido deixada, em um condômino residencial no bairro Belo Vale.
Com a chegada da viatura da PM o agressor se identificou, dizendo que também era policial militar e que havia perseguido o motorista de aplicativo por ele ter assediado sua esposa. Ele se identificou como cabo Cosme Damião Aeres Salvino e disse que ter sido avisado pela esposa que, ao fim da viagem feita pelo aplicativo, o condutor teria passado as mãos em suas pernas. O policial e sua esposa não aceitaram falar com a reportagem.
O motorista nega a versão do PM e diz que a mulher se mostrou irritada quando ele pediu que ela colocasse uma máscara para prosseguir com a viagem, no começo da corrida. Ela estava acompanhada pela filha, que, segundo a PM, tem 12 anos. “(A mulher) não aceitou e só colocou a máscara depois que a filha dela, que também estava sendo levada, entregou uma para ela. Durante a viagem ela disse que motoristas de aplicativos eram todos ‘passa fome’ e folgados. Ela também disse que o marido era policial e batia em todo mundo só não batia em ninguém em casa. Quando terminou a viagem ela deixou a porta aberta. Eu disse que ela estava sendo mal educada e que se quisesse ela não gostou da corrida poderia reclamar no aplicativo”, afirmou.
A Sala de Imprensa da Polícia Militar informou que o motorista teria reagido à investida do policial e entrado em luta corporal com ele. Glauber afirma que a alegação do militar não procede, já que sequer teria descido do carro enquanto era agredido. “Eu tenho três anos de trabalho com aplicativos de transporte e nunca tive uma reclamação. Além disso, depois de me bater o policial também jogou quatro balas de revólver dentro do meu carro para tentar me incriminar. Eu não desci do carro, ele estava armado o tempo todo”, reforçou.
O policial responsável pela agressão foi preso em flagrante. O caso foi levado para a Primeira Delegacia de Polícia Cívil de Santa Luzia. Já Glauber, foi levado para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro São Benedito. Ele teve ferimentos no rosto, foi atendido e liberado após receber cinco pontos no rosto.
Apesar de preso, quando a reportagem chegou na delegacia, o policial estava junto da esposa em um carro particular, com portas e vidros fechados. Nem o policial militar nem a esposa aceitaram falar sobre a situação.
A reportagem solicitou um posicionamento da Polícia Militar, que até o fechamento da matéria não se pronunciou, informando apenas que a resposta será dada pela 3ª Região da PM, a qual pertence o 35º Batalhão.
O motorista disse desejar que o agressor pague pelas lesões causadas contra ele e também pelos danos provocados no carro, que teve a lateral amassada em vários pontos.
Esta matéria está em atualização.