Preso há mais de dois anos no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, o ex-senador Luiz Estevão é suspeito de ser o “manda-chuva” da ala reservada a presos vulneráveis como ex-policiais e políticos. Na operação batizada de Bastilha, realizada no domingo (17), mais de 30 agentes da polícia civil encontraram chocolate, tesoura e cinco mini pen drives na cela que Estevão divide com o ex-ministro petista José Dirceu.
Além do fato de serem apenas dois por cela enquanto a média é de sete detentos dividindo o mesmo espaço, outros indícios reforçam as suspeitas dos agentes que também encontraram um caderno de Dirceu com uma anotação para “pedir autorização” a Estevão para receber a visita de um menor de idade fora do horário programado.
“Ele passa o recado de que Luiz Estevão tem influência dentro do presídio para conseguir esse tipo de visitação e outras regalias”, disse o delegado Thiago Boeing, da Divisão de Repressão às Facções Criminosas, da Polícia Civil.
Outra evidência sobre o poder de Estevão no local foi o grande volume de documentos do ex-senador encontrados na biblioteca de uso comum dos presos. “Mais parecia um escritório particular dele”, disse Boeing. Luiz Estevão foi condenado a 26 anos de prisão por desvios de recursos do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
Geddel
Os agentes também vistoriaram a cela em que está preso o ex-ministro Geddel Vieira Lima, e outros nove detentos. Segundo os policiais, no local foram encontrados documentos de Geddel que ainda serão analisados. “Vamos ver se há pertinência com as investigações”, disse o delegado.
A ação foi realizada na tarde de ontem durante o jogo de estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. “A gente avaliou que era o momento mais propício para flagrar privilégios”, explicou o delegado.
As investigações começaram em janeiro para apurar denúncias de que presos estariam ameaçando delegados e juízes. Os policiais descartaram essas ameaças, mas encontraram os indícios de privilégios no bloco 5 do Centro de Detenção Provisória. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Vara de São Sebastião em abril mas, a estratégia que manteve toda a ação em sigilo foi a de cumprir os mandados apenas agora.
As defesas de Geddel e Estevão não se pronunciaram.
Agência Brasil