Um antigo golpe, geralmente aplicado por criminosos em penitenciárias, ganhou uma nova versão e vem levando terror à população de Capinópolis.
O golpe mais utilizado ainda é a do falso sequestro, onde um criminoso diz ter sequestrado um familiar, filho ou filha, exigindo depósitos bancários e/ou recargas de celular. Ao fundo, uma pessoa grita e pede socorro, deixando a vítima que atende o telefone atordoada.
Na nova versão do golpe, um suposto familiar não muito próximo, diz que está vindo visitar a casa da pessoa que atende o telefone e alega que o carro quebrou, pedindo dinheiro para pagar o guincho ou algo parecido. Outra variação do golpe é quando um suposto agente dos bombeiros ou enfermeiro liga e informa sobre um acidente de um familiar e solicita dinheiro para pagar a conta do hospital.
Somente no mês de janeiro de 2018, três ocorrências já foram registradas em Capinópolis por vítimas do golpe. Em um dos casos, um homem de 45 anos alegou ter depositado R$2 mil na conta bancária dos criminosos que diziam ter sequestrado sua filha. Após ter efetuado os supostos depósitos bancários, a vítima descobriu que sua filha estava em um estabelecimento comercial na cidade – o fato está sendo investigado.
Em todos os casos, a própria vítima acaba “munindo” o criminoso com informações valiosas no decorrer da conversa.
Segundo o comandante do 5º Pelotão PM de Capinópolis, Tenente Daniel Santos, ficar calmo(a) e tentar reconhecer a voz do outro lado é o primeiro passo para identificar o crime. “A pessoa, quando ela perde o controle, fica emocionalmente abalada e perde a noção do que está falando e acaba dando ‘munições’ para o criminoso”, disse o comandante.
Segundo Ana (nome fictício de uma das vítimas que mora em Capinópolis), um jovem se passando por um sobrinho, entrou em contato por telefone. Veja a simulação da conversa entre o criminoso e a vítima:
Criminoso: “Oi tia, como vocês estão?”
Ana: “Estamos bem, que está falando?”
Criminoso: “Sou eu tia, estava indo para a casa da senhora e meu carro quebrou aqui na BR251, e estou no meio da estrada”.
Ana: “Pedro, é você?” (Pedro é um nome fictício do sobrinho verdadeiro da vítima)
Criminoso: “Sim, é o Pedro tia. Tô parado no meio da estrada com o carro quebrado e preciso pagar o guincho para me buscar. Tem que pagar o guincho antes dele vir, por favor, deposite o dinheiro na conta da empresa do guincho e eu pago a senhora assim que chegar aí”.
Ana: “Claro, me passa os dados da conta bancária”.
Criminoso: “Vou passar o telefone da empresa do guincho, ligue lá e peça o número da conta bancária”.
A vítima desconfiou, já que o suposto número de telefone da empresa de guincho era do DDD 31, da região de Belo Horizonte.
Ana: “Sua voz está diferente, qual o seu nome mesmo?”
Para sorte da vítima, o criminoso esqueceu o nome que havia dito e tentou desconversar.
Ana: “Vamos fazer o depósito e ligo em seguida para você”.
Criminoso: “Ok, eu ligo daqui a pouco”.
A vítima, então, resolveu ligar para o marido e foi alertada que se tratava de golpe. Ainda segundo a vítima, a rodovia informada pelo criminoso a alertou que havia algo errado, já que não existe na região. O fato dele esquecer o nome, também auxiliou a perceber que algo errado estava acontecendo.
Ana, assim como várias outras vítimas, não registrou ocorrência policial. A PM acredita que o índice desta prática criminosa possa ser ainda maior do que consta nos registros, já que muitas vítimas não comunicam o fato.
Dicas do 5º Pelotão da Polícia Militar de Capinópolis:
- Ao ser abordado por um criminoso que alega ter sequestrado algum familiar, ficar calmo (a);
- Tente entrar em contato com a suposta vítima do sequestro;
- Fazer contato com a Polícia Militar;
- Nunca fornecer informações que possam ‘munir’ o criminoso com dados importantes que possam identificar o suposto sequestrado;
Segundo o tenente, Daniel Santos, essa prática criminosa tem origem nas penitenciária, em muitos casos, de presos fora do Estado.
Fonte: Tudo em Dia