Dezesseis pessoas foram presas e um menor apreendido em uma operação contra o tráfico de drogas em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, na manhã desta quinta-feira (7). O grupo atuava há cerca de cinco anos no bairro Fortaleza e os presos também são acusados de envolvimento em homicídios e roubos de veículos na região. Treze pessoas ainda estão foragidas, segundo a Polícia Civil. Também foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão.
Com o nome Gangue do Fortaleza (GDF), o grupo se tornou um dos mais perigosos de Ribeirão das Neves. Segundo o delegado Eduardo Hilbert Martins, responsável pelas investigações, intensidade do tráfico tem aumentado índice de criminalidade na região, o que tem assustado moradores. Há oito meses investigada, a organização criminosa também tem disputado domínio com a gangue Maré.
“Tem ocorrido uma disputa pelo comando do tráfico com a gangue da Maré e isso tem trazido inúmeros prejuízos à população, que convive diretamente com a violência. Agora, com a prisão de mais da metade do grupo, o tráfico de drogas vai ser de certa forma enfraquecido na região. Foi possível identificar e qualificar desde os indivíduos que exerciam poder de mando e assumiam a função de chefes, até aqueles que praticavam o tráfico de varejo, realizando a venda de pequenas quantidades de drogas”, afirmou.
Segundo o delegado, uma parte da organização já estava presa por tráfico de drogas, mas os presos continuavam atuando no esquema, como um suspeito de 18 anos, que coordenava as bocas por meio de ligações telefônicas. Ele sempre foi influente por ser filho de um dos líderes principais da organização, que está foragido.
Durante apresentação da Polícia Civil nesta quinta-feira, o rapaz afirmou que não tem envolvimento com nada. “Eu não tenho nada a ver com isso, minha família também não. Meu pai é trabalhador. Eu roubo carro, não tenho nada com tráfico. Minha consciência está tranquila”, afirmou.
Um dos gerentes da organização criminosa era um homem responsável por abastecer os pontos de venda das drogas, receber o dinheiro das vendas e repassar aos subordinados as ordens dos chefes, também foi preso e negou envolvimento. “Falar até papagaio fala. Eu sou trabalhador. Trabalho desde os 13 anos com serviços gerais, de carteira assinada e tenho como provar. Tô revoltado. Sou trabalhador e eles me prendem? Você quer que eu fique como? Perto do Natal, minha mãe doente. Não vou ficar rindo para vocês, não sou falso, sou trabalhador. Minha consciência está a mil grau, bem tranquila”, afirmou.
Entre os presos também está uma mulher de 35 anos que saiu da prisão na última sexta-feira por tráfico de drogas e foi presa novamente. Rindo bastante durante a coletiva de imprensa da Polícia Civil nesta quinta-feira, Edna, que seria responsável por vender drogas e fazer qualquer outra atividade necessária na gangue, também negou envolvimento na organização. “Eu não tô com raiva de nada, não. Estou aqui injustiçada. Não devo nada a ninguém. Não conheço ninguém. Já passei pelo sistema penitenciário e é suave, é uma uva. Fazer o quê? É a cara deles me prender. Se estão achando que eu tenho a ver com alguma coisa, eles têm que me provar. Eu nem conheço GDF, não mexo com drogas, não faço nada, fico só dentro de casa”, afirmou.
A Polícia Civil informou que o grupo atua, principalmente, no bairro Fortaleza, mas que nos últimos tempos uma pequena ramificação da gangue na região do bairro Ouro Preto, também em Ribeirão das Neves, vinha ganhando força. Ainda segundo o delegado Martins, entre os foragidos estão três líderes importantes da organização. “Os chefes hoje se encontram com mandado de prisão em aberto. Estão há muito tempo sob a chefia da organização. A partir deles que as ordens eram emanadas”, afirmou.
Durante a operação nesta quinta-feira também foram apreendidos diversos materiais, como pinos para embalar drogas, munições calibre 32, pequena porção de cocaína e maconha, uma substância utilizada para o aumento do volume da cocaína, celulares e uma moto, que seriam utilizados nos crimes.