O primeiro dia de passagem de ônibus mais cara em Belo Horizonte começa com reclamações de passageiros. Neste domingo (23/4), o transporte coletivo na capital passou de R$ 4,50 para R$ 6 e provocou discussão nos pontos de ônibus e comércios do centro de BH.
Passageiros consideram o aumento de 33,3% alto demais e apontam problemas no serviço, com veículos lotados e longa espera nos pontos. As estudantes Livia Moreira, de 16 anos, e Lívia Raflchy, de 17, reclamam do aumento que consideram absurdo.
“Pagar R$ 12 para estudar todos os dias.” Elas estão preocupadas com o custo de transporte a ser pago pelos pais. “Estamos tentando uma vaga de Jovem Aprendiz, mas está bem difícil”, desabafa uma delas.
Raflchy, mora no Bairro Ouro Minas, Região Nordeste da capital e diz que estuda no bairro. Mas, como faz curso no centro, precisa se deslocar nos dias de semana. “Os ônibus estão sempre lotados, a gente vai em pé”, reclama. Moreira, é moradora de Santa Luzia, na Grande BH, estuda no centro e diz que não tem outra alternativa. “Não posso vir de lá a pé.”
O auxiliar de loja, Ricardo Soares, de 22 anos, é outro que reclama do novo valor da passagem. Ele mora no Bairro Santa Mônica, trabalha no centro e pega duas conduções diariamente.
“Acho esquisito esse aumento. Domingo é um dia muito ruim para vir trabalhar. Os ônibus demoram muito, o serviço é precário. Não faz sentido. Pegamos ônibus lotados, demoramos muito para ir de um lugar para outro”, critica.
Passeio em família mais caro e alternativas
O coordenador de campo Leandro Nunes, de 37 anos, e a esposa Valéria Soares, manicure de 37 anos, resolveram aproveitar o domingo para passear com os filhos Pedro e Nicole. A diversão em família, porém, ficou mais cara. Eles moram no Bairro Vista do Sol, Região Nordeste da capital e estavam a caminho da Feira Hippie e do Parque Municipal. Só de passagem, o
casal vai desembolsar R$ 36. “Não vamos gastar menos de R$ 150 hoje. Já impacta bastante no orçamento”, diz Nunes.
Ele acredita que, com o aumento da passagem, pode ser mais vantajoso para a família usar o serviço de transporte por aplicativo. “Vamos ter essa alternativa, dependendo do deslocamento. Vai acabar compensando mais. A passagem, além de ser cara, não condiz com a condição dos ônibus, que é precária. Ficamos, às vezes, 40 minutos, uma hora esperando uma condução”, explica.
Aos domingos, por exemplo, os ônibus passam uma vez a cada hora no bairro em que a família mora.
O coordenador de campo destaca que vai ficar mais difícil, para quem está desempregado, conseguir trabalho. “O custo com transporte vai ser maior. Dependendo da quantidade de ônibus que o funcionário precisar pegar, vai ser difícil ser contratado.”
Por ser autônoma, a esposa diz que vai precisar arcar com os custos de deslocamento. “Para mim não vai afetar tanto porque eu trabalho em casa.”
A cuidadora Camila Rodrigues, de 28 anos, estava no ponto, saindo do trabalho e esperando o ônibus para voltar para casa. Para ela, o aumento é terrível. “A passagem aumenta, mas a gente não tem qualidade e conforto nos ônibus. Acho um preço abusivo. Algumas pessoas pegam mais de um ônibus e dependendo, às vezes, o dia de trabalho delas nem vai compensar, pelo valor que vão pagar de passagem.”
Ela mora no Bairro São Gabriel, Região Nordeste, e trabalha no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul de BH e conta que já faz uma parte do trajeto a pé, para evitar pegar mais de um ônibus. “Agora, com esse aumento é que vou continuar fazendo isso mesmo. Vou fazer uma boa caminhada’, brinca.