Em tempos de Copa do Mundo, poucas coisas são tão irritantes como ver o atacante armando uma jogada fulminante na sua televisão enquanto o chato do vizinho já está se esgoelando com o gol.
O problema acontece em razão das diferentes formas de transmissão disponíveis hoje –antigamente todos torciam unidos pelo sinal analógico e o bombril na antena que supostamente o turbinava. As transmissões digitais, mais lentas, acabaram com a sincronia da gritaria.
Os atrasos acontecem porque o sinal digital passa por um processo de codificação, compressão e decodificação, fazendo com que leve mais tempo para chegar às casas.
No analógico, as imagens e o áudio dos jogos são entregues quase diretamente ao telespectador.
Entre os meios digitais, também há diferenças. Imagens em HD, por exemplo, são mais “pesadas”, por isso demoram mais para chegar.
Em 2012, um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas para Matemática e Ciências da Computação da Holanda afirmou que pode haver até cinco segundos de atraso entre os diferentes tipos de transmissão. Mas esse número pode variar bastante.
“É possível medir os atrasos, mas as medidas envolvem muitos parâmetros. Não é tão simples fazer uma comparação objetiva, que não seja sujeita a vários aspectos, que vão desde a localização dos transmissores e receptores ao tipo de serviço”, explica Mônica Rocha, professora da área de telecomunicações do departamento de engenharia elétrica e de computação da USP em São Carlos.
Para quem preferir assistir aos jogos por streaming pela internet, prepare-se para esperar ainda mais para gritar gol. Nessa forma de transmissão, acrescente o processo pelo qual o sinal passa para ser carregado no computador, o que depende também da velocidade da conexão.
Em testes realizados durante o jogo do Brasil desta segunda-feira (23), a transmissão pela internet da Rede Globo estava cerca de 25 segundos atrasada em relação à TV a cabo.
Como evitar isso? De forma geral, quanto mais novos os equipamentos envolvidos no processo da transmissão digital, menor será o atraso. O certo, porém, é que nunca mais torceremos como antes.
“Querer que o atraso não ocorra, ou não seja percebido, é utopia”, afirma Rocha.