A defesa do prefeito Artur Parada Prócida (PSDB), de Mongaguá, no litoral de São Paulo, preso com R$ 5,3 milhões de origem desconhecida pela Polícia Federal, vai tentar provar a procedência legal do dinheiro nesta quinta-feira (10). A residência dele foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão da operação Prato Feito, que visa apurar desvios de verbas da União para a educação.
Na quarta-feira (9), foram cumpridas 19 ordens judiciais em seis cidades das regiões da Baixada Santista e do Vale do Ribeira. A operação aconteceu em quatro estados e é resultado de uma investigação da Polícia Federal, da Controladoria Geral da União (CGU) e do Ministério Público Federal (MPF), que apuram irregularidades em 65 contratos avaliados em R$ 1,6 bilhão.
Prócida foi detido em casa, no início da manhã, quando os agentes cumpriam um dos mandados de busca, do total de quatro destinados a endereços na cidade. Enquanto procuravam documentos que pudessem ter ligação com os acordos ilegais investigados, os policiais localizaram R$ 4,6 milhões e U$ 217 mil em espécie escondidos em um cômodo do imóvel.
O prefeito foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal onde tentou, ao longo do dia, junto com advogados, provar a origem da quantia. Entretanto, já durante à noite, a delegada Melissa Maximino Pastor, que coordenou a operação, entendeu que havia indícios de crime de lavagem de dinheiro e, portanto, ele permaneceu preso na carceragem do órgão.
A defesa de Artur Parada Prócida informou que tentará provar, durante esta tarde, a inocência do cliente a partir da comprovação da origem do dinheiro, durante a audiência de custódia com o juiz marcada para acontecer na Justiça Federal. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, ele permanece como chefe do Executivo até um novo parecer.
Artur Parada Prócida é professor e nasceu em 17 de abril de 1946. Foi vereador em Mongaguá entre 1982 e 1988 e vice-prefeito entre 1989 e 1992. Foi eleito prefeito da cidade, pela primeira vez, em 1992, e venceu o pleito para o Executivo novamente em 2000, 2004 e 2012. O político foi reeleito em primeiro turno nas eleições de 2016.
Prato Feito
As investigações apuraram que os grupos criminosos agiriam em 30 municípios, contatando prefeituras por meio de lobistas, para direcionar licitações de fornecimento de recursos federais para a educação destinados ao fornecimento de merenda escolar, uniformes, material didático e outros serviços.
Segundo as autoridades, há indícios do envolvimento de 85 pessoas, sendo 13 prefeitos, quatro ex-prefeitos, um vereador, 27 agentes públicos não eleitos e outras 40 funcionários de empresas. A CGU identificou, ao longo das investigações, 65 contratos suspeitos, cujos valores totais ultrapassam R$ 1,6 bilhão.
A Polícia Federal informou que os investigados podem responder pelos crimes de fraude a licitações, associação criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva, com penas que variam de um a 12 anos de prisão. Os agentes públicos envolvidos nas investigações foram afastados dos cargos pela Justiça.
Fonte: G1