UBERLÂNDIA, TRIÂNGULO MINEIRO – Os prefeitos da Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Paranaíba (Amvap) se reuniram, nesta sexta-feira (17), em Uberlândia e decidiram pedir a realização de uma auditoria nas contas da Fundação de Assistência, Estudo e Pesquisa de Uberlândia (Faepu). A instituição é administradora do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), que, em crise financeira, anunciou a paralisação de novos atendimentos na última segunda-feira (13).
No encontro também ficou acertada a criação de uma comissão com representantes da Amvap, que vai dialogar com os Ministérios Público Estadual (MPE) e Federal (MPF) sobre esta solicitação. O patrimônio da Faepu e o seu modelo de gestão já são investigados pelo MPE, por meio do promotor Fernando Martins, desde o início desta semana. Ele apura se há furos nas prestações de contas do órgão e disse ver a sua gestão como ineficiente.
A comissão será formada por cinco prefeitos da Amvap, das cidades de Ituiutaba, Estrela do Sul, Monte Carmelo, Patrocínio e Capinópolis. O grupo, do qual também fazem parte oito secretários municipais de Saúde da região, teve a abertura definida em encontro ocorrido nesta sexta-feira (17), na sede do órgão, no Distrito Industrial, zona norte de Uberlândia. Na reunião, que contou com a participação de dez prefeitos e cerca de 20 secretários de Saúde de cidades da Amvap, foram discutidas ações relacionadas à interrupção dos atendimentos do Pronto-Socorro e de cirurgias no HC-UFU.
O secretário de Saúde de Patrocínio e presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) em Uberlândia, Wesley Romão Siqueira, disse que o pedido de auditoria nas contas da Faepu não significa uma suspeita sobre a atuação da fundação, mas se faz necessário pelas circunstâncias atuais. “É preciso que conheçamos, efetivamente, a aplicação desses recursos que entram na UFU”, afirmou.
Secretários exigem volta imediata do atendimento integral do hospital
Além do pedido de investigação na Faepu, os prefeitos e secretários da Amvap exigiram a volta imediata do atendimento integral do hospital, com 100% dos procedimentos feitos por meio de regulação. A reivindicação foi apresentada em reunião da entidade realizada em Uberlândia. Os integrantes da associação querem que todos os municípios recebam informações e relatórios detalhados sobre cada paciente que dá entrada no HC-UFU.
Segundo Gilmar Machado, prefeito de Uberlândia, o HC tem o dever de prestar todas as contas aos municípios. “Queremos uma regulação. Todos os prefeitos têm direito de saber quem são os pacientes atendidos, qual o tratamento e quanto custou. Apenas queremos ter esse controle, já o que o HC é um prestador de serviço nosso”, afirmou.
A assessoria de comunicação do HC-UFU informou que não se posicionaria, neste momento, sobre possíveis casos de pacientes atendidos sem regulação. Também disse que o Pronto-Socorro e demais atendimentos da unidade permanecem restringidos tal qual a direção informou na segunda-feira (13).
Promotoria averigua patrimônio da instituição
O patrimônio da Faepu e o seu modelo de gestão já é investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE), por meio do promotor Fernando Martins, desde o início desta semana. Ele apura se há furos nas prestações de contas do órgão, que administra o HC-UFU, e disse ver a sua gestão como ineficiente. O membro do MP também apura plantões dos profissionais, quantidade do efetivo de servidores e a necessidade do atual patrimônio da instituição.
“O momento agora é de partirmos para preservar alguns bens da Faepu e ter outros alienados. Não faz sentido ter uma instituição que não presta o serviço que lhe compete”, afirmou Martins.
O também promotor do MPE Lúcio Flávio de Faria informou que aguarda as próximas ações das partes envolvidas para se reunir com o procurador da República Cleber Eustáquio Neves e traçar novas diretrizes. “Os gestores é que têm de dar respostas. No lado do MP, nunca paramos. Nossa preocupação é com o paciente”, afirmou Lúcio Flávio.
Entidades médicas manifestam preocupação
A Associação de Hospitais de Uberlândia, a Sociedade Médica de Uberlândia, o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sindmed-MG) e o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Uberlândia (Sindihosp-Udi) publicaram uma nota, na edição desta sexta-feira do CORREIO de Uberlândia, “externando preocupação e indignação com o atual quadro da saúde pública de Uberlândia”.
Para o presidente da Associação de Hospitais de Uberlândia, Fernando de Moraes, a preocupação com o tema abrange toda a rede de saúde, pública e privada. “Preocupa porque Uberlândia já tem um déficit de 800 leitos e, agora, fecham mais 200 do HC – Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Faltam também cerca de 150 UTIs na cidade”, disse.
Para Moraes, todos precisam se unir para tentar achar uma solução para o problema, que pode ficar ainda pior com a instalação do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “O HC está fechado para emergências e as UAIs (Unidades de Atendimento Integrado) superlotadas. Quem vai atender essas pessoas?”, afirmou.
Correio de Uberlândia