Diante de mais uma crise do Hospital Sofia Feldman, no bairro Tupi, na região Norte de Belo Horizonte, a prefeitura quer assumir a gestão administrativa, técnica e financeira da maternidade, a maior do país em número de nascimentos. A proposta foi feita na noite desta segunda-feira (19) pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS), em reunião com a direção do hospital, e depende agora de aprovação do conselho que rege a instituição filantrópica.
O Sofia Feldman é referência no Brasil, faz de 900 a 1.000 partos por mês e é 100% SUS. Atualmente, o deficit mensal nas contas do hospital é de R$ 1,5 milhão por mês. “O Sofia é um dos hospitais mais importantes do Brasil, reconhecemos isso, mas a cada dois ou três meses somos procurados com pedidos de socorro. Portanto, nossa proposta é assumir a gestão, uma parceria para tentar profissionalizar mais esse trabalho”, afirmou o secretário Municipal de Saúde, Jacson Machado Pinto. Para ele, essa medida pode beneficiar a gestão dos recursos. “Pode haver cortes de despesas às vezes desnecessários. Não sabemos, teremos que avaliar”, declarou.
Para isso, a nova gestão faria uma auditoria nas contas do Sofia. “O primeiro passo será escolher as pessoas que vão assumir essa gestão e fazer um levantamento de possibilidades de cortes”, completou.
O diretor do hospital, Ivo Lopes, recebeu bem a proposta e espera que ela seja aprovada em conselho. “Como estamos desde 2015 com déficit, a proposta é bem-vinda. Vamos continuar mantendo o atendimento”, disse. A ideia é que haja Correa de gastos, mas não de atendimento, segundo prefeitura e hospital. No entanto, Lopes acredita que sem aplicação de mais dinheiro no Sofia, não tem solução. “Tenho mais de 40 anos na gestão do hospital, e posso dizer que sem recurso, ninguém faz milagre”, declarou. Atualmente, a instituição tem uma receita de R$ 5 milhões, entre recursos federais, estaduais e municipais, mas os gastos chegam a R$ 6,5 milhões, de acordo com Lopes. Trabalhadores do hospital estão com salários atrasados, e cerca de de leitos da Unidade de Terapia (UTI) e da unidade intermediária estão fechados.
O secretário municipal de Saúde diz que, inicialmente, não há previsão de recursos. “Se depender do que tem no cofre, não temos de onde tirar. Mas temos que ir atrás e pensar em soluções criativas”, concluiu Machado Pinto.
Datas
A direção do hospital vai reunir o conselho no dia 27 de fevereiro para que a prefeitura apresente novamente a proposta. A expectativa é que até 1 de março o Sofia Feldman esteja sob nova gestão.