ITUIUTABA, TRIÂNGULO MINEIRO – Há um ano das próximas eleições o prefeito de Ituiutaba, Luiz Pedro Correa do Carmo, ainda enfrenta problemas judiciais que tem a ver com a campanha que o conduziu ao cargo há três anos.
O Ministério Público (MP) quer bloquear as contas do prefeito.
O pedido já havia sido acatado pela Justiça, mas depois teve decisão alterada no Fórum local. O MP insistiu e apresentou um novo pedido. O motivo alegado foi uma acusação de improbidade administrativa.
Luiz Pedro assumiu a Prefeitura em abril de 2010, quando ainda era vice-prefeito. Com o afastamento do titular por problemas de saúde, exerceu o cargo até o fim do mandato, em dezembro de 2012, ano em que acumulou a condição de prefeito em exercício com a de candidato a prefeito.
Uma mulher que não quis se identificar confirmou no Ministério Público que, a convite do prefeito, saiu candidata a vereadora apenas para que o partido do prefeito-candidato cumprisse a cota legal de participação feminina na votação. Ela ocupava cargo comissionado e disse que a condição era participar ativamente da agenda de campanha do candidato Luiz Pedro.
“Ele [prefeito] prometeu assim, que eu procurasse uma pessoa pra poder ficar recebendo, que qualquer maneira eu estava trabalhando para ele. Foi essa a resposta. Arrumei uma pessoa que ficou recebendo e passava o dinheiro para mim. Simplesmente pensei que não estava fazendo nada, mas depois eu descobri o absurdo que eu tinha entrado”, informou.
Porém, a versão do prefeito é outra. “Ela se candidatou a vereadora porque é uma pessoa de muita influência na comunidade. Tanto é que ela foi cabo eleitoral desse vereador no passado. Quando ela candidatou a vereadora, ela pediu para colocar uma pessoa, que eu nem sabia que era o marido dela. Ela nunca conversou isso comigo”, explicou o prefeito.
Desde o início do mandato, o prefeito enfrenta outro problema: o rompimento com o vice-prefeito, Públio Chaves Junior. “O estopim principal foi a falta de compromisso que foram firmados durante a campanha, como mostrar o orçamento da Prefeitura, que eu sempre cobrei isso. Uma outra questão, que nós fizemos compromisso com a população, foi de ter a população dentro da Prefeitura. Não houve isso. Houve uma centralização por parte de alguns poderes e não houve essa divisão da população com os problemas da cidade”, pontuou Públio.
Outros problemas
Já a primeira-dama Sônia Maria do Carmo, que acumula as pastas de Desenvolvimento Social e Saúde, foi chamada na semana passada para prestar contas sobre a gestão na Saúde. A presença de Sônia lotou o plenário. A primeira-dama chegou até iniciar a fala.
Durante a sessão, nome de oposição ao governo, o advogado André Janones, foi atacado com um soco vindo de um servidor da Prefeitura ligado à secretária e ao prefeito. A sessão acabou em confusão e foi suspensa.
Luiz Pedro falou, ainda, de um outro assunto que está nas ruas: uma gravação feita antes de a primeira-dama e secretária ir à Câmara. No áudio ela desdenha da independência do poder Legislativo. “Dezessete vereadores, dois ficar contra não é nada. Eu só vou à Câmara quando eu receber uma convocação do presidente da Câmara, assinada por ele pra mim ir, e como isso não vai acontecer eu tô na minha (sic)”, diz o áudio.
No áudio, Sônia também desconsiderou o poder de atuação do Judiciário ao comentar uma decisão judicial que não concordava em cumprir. “Se ela conseguir indenização vai levar mais uns dez anos. Já saí da Prefeitura, já acabou meu mandato e quem tiver aqui é que vai ter de se virar”, completou no áudio.
O prefeito reconheceu a voz da primeira-dama, mas disse que houve uma má interpretação. “Inclusive, essa pessoa gravou dentro do gabinete sem autorização”. A equipe do MGTV (Da regional da tv Globo) foi à Secretaria de Saúde e à Secretaria de Desenvolvimento Social. Mas a assessoria disse que a secretária Sônia Maria não atenderia com a câmera ligada.
Denúncias
Nos próximos dias, uma outra denúncia envolvendo a Prefeitura ganha um novo capítulo. A Polícia Civil encerra inquérito que apura desvio de cerca de R$ 2 milhões dos cofres municipais. O dinheiro foi desviado da folha de pagamento para conta particular do então diretor de Recursos Humanos, Washington Doniro Pinheiro de Silveira.
O desvio já foi comprovado, mas tanto a Polícia Civil quanto o Ministério Público só vão falar sobre o assunto posteriormente, em uma data que ainda será agendada. Durante a reportagem, a equipe não conseguiu falar com Washington Doniro.
O desembargador Caetano Levi Lopes determinou que os bens do prefeito fossem bloqueados novamente. Até esta terça-feira (6), a Prefeitura disse que não tinha sido notificada. A produção da reportagem não conseguiu contato com a assessoria jurídica do Município nesta quarta (7) para saber se a notificação já foi feita e sobre a situação do servidor que responde processo por desvio de recursos.
Mário Brandani / com informações do MGTV