De boné, camiseta amarela e tênis, o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) foi flagrado pela primeira vez tomando banho de sol na quadra do batalhão do Corpo de Bombeiros em Belo Horizonte, onde cumpre pena há um mês.
No vídeo feito pelo site G1, Azeredo, 69, faz alongamento, caminha e lê um livro sozinho no pátio.
O ex-governador e ex-senador foi condenado a 20 anos e um mês de prisão por peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro. Ele foi o primeiro acusado no chamado mensalão tucano a ser preso.
O local especial para o cumprimento da pena foi determinado pela Justiça, em virtude do seu cargo. A preferência por uma unidade dos Bombeiros se deu em razão do “fluxo menor de pessoas”, o que permitiria “mais segurança ao sentenciado”, segundo o juiz Luiz Carlos Rezende e Santo, da Vara de Execuções Penais.
O juiz afirmou que as prisões masculinas da região metropolitana têm centenas ou milhares de presos e o ex-governador precisava de proteção.
Ficou determinado também que Azeredo cumpriria pena sem uso de algemas ou de uniforme do sistema penitenciário. Ele se entregou à polícia em 23 de maio, depois de ser considerado foragido.
O mensalão tucano é considerado o embrião do esquema de mesmo nome relacionado ao PT e, segundo o Ministério Público, aconteceu durante a fracassada campanha de reeleição de Azeredo ao governo mineiro, em 1998.
Em 2007, a Procuradoria Geral da República denunciou ao STF (Supremo Tribunal Federal) 15 pessoas por um esquema de desvio de R$ 3,5 milhões em recursos estatais e empréstimos fictícios que abasteceu a campanha de Azeredo.
Além de Azeredo, que era senador à época, se tornaram réus o publicitário Marcos Valério, que foi condenado por operar o mensalão petista, e seus sócios, o ex-senador Clésio Andrade (MDB), entre outras pessoas.
José Afonso Bicalho, então presidente do Bemge (o extinto banco estatal de Minas) e atual secretário da Fazenda do governo de Minas Gerais, comandado por Fernando Pimentel (PT), também é réu. Todos eles negam ter cometido crimes.
A primeira condenação de Azeredo veio em dezembro de 2015, a 20 anos e 10 meses de prisão. Segundo o ex-governador, os documentos usados como provas contra ele são falsificados.
Ele também afirmou que não era responsável pelas despesas da campanha e que não pode ser responsável por ações de terceiros.
Azeredo recorreu da decisão, em liberdade, ao Tribunal de Justiça de Minas. Em agosto passado, por dois votos a um, os desembargadores mantiveram a condenação em segunda instância. Desde então, Azeredo teve três recursos negados na corte.