Após o princípio de motim registrado na noite de segunda-feira (5) na Penitenciária José Maria de Alkimin, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, os presos voltaram a atear fogo em roupas e colchões na manhã desta terça-feira (6). O novo motim foi confirmado por nota pela Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap).
Conforme a pasta, a confusão é um reflexo da ocorrência da noite anterior. “A situação está sob controle, o Comando de Operações Especiais do Sistema Prisional (COPE) foi acionado para reforçar a segurança na unidade prisional e uma equipe da Seap está acompanhando o fato”, diz a nota divulgada pela secretaria.
O texto afirma ainda que não houve motim ou rebelião e não há registro de feridos. “Todas as denúncias feitas pelos presos estão sendo apuradas, bem como estão sendo apuradas a ação de indisciplina dos detentos e a posse ilegal de telefone celular”, completa.
A Polícia Militar (PM) também foi acionada para apoiar na área externa da unidade prisional, “a fim de evitar reflexos na região onde está localizada a penitenciária”.
O TEMPO está em contato com familiares dos presos da unidade, que estão em frente à penitenciária desde a madrugada desta terça. Eles indicam que uma viatura de transferência de presos e uma ambulância deixaram a unidade nesta manhã.
“Meninas, estou aqui. Acabou de sair do carro do sistema penitenciário, com certeza deve ser transferência de alguns presos. Entrou também um carro do Gope (grupo especial do sistema), a gente tá ouvindo um tanto de preso, eles estavam gritando lá dentro (…) Eles estão soltando bomba aqui ó, tá acontecendo aqui”, diz a mensagem.
Briga entre presos teria sido motivo para confusão
O tumulto provocado nesta terça seria um reflexo do registro feito na noite de segunda. De acordo com nota divulgada pela Seap, por volta das 21h de segunda três presos da unidade iniciaram uma briga e precisaram ser contidos pelos agentes penitenciários e acabaram sendo movimentados dentro da penitenciária para a “garantia da segurança dos mesmos”.
Entretanto, os detentos teriam interpretado a movimentação de forma “equivocada”, ainda de acordo com a pasta, iniciando então um tumulto nas celas, batendo nas grades e ateando fogo em alguns colchões.
“A situação foi resolvida pelos Agentes Penitenciários da própria unidade prisional. Ninguém se feriu”, finaliza a nota divulgada.
A reportagem de O TEMPO teve acesso a alguns vídeos que teriam sido feitos por presos da Penitenciária durante o princípio de motim. Nas imagens, é possível ver os focos de incêndio dentro da unidade enquanto os demais batem nas grades e gritam. “A ‘oprimissão’ na José Maria Alkimin aí! Covardia com preso, ferrando nosso sol, nossa visita”, diz um dos detentos no vídeo.
Confira:
Em um áudio do aplicativo WhatsApp que também circula, um preso conversa com a companheira. “Os presos estão brigando não, os bota (agentes) estão batendo nos presos. O barato está é sério”, conta.
Ainda de acordo com a nota da Seap, a unidade irá “instaurar um procedimento para apurar a origem dos vídeos que circulam”.
Atualizada às 12h46