É velado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na manhã desta terça-feira (14), o professor Antônio Leite Alves Radicchi, de 60 anos, que morreu na segunda-feira (13) após ser esfaqueado em um ônibus no bairro Concórdia, na região Nordeste de Belo Horizonte.
O velório teve início às 7h, segundo nota divulgada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio das Velhas, onde a vítima foi coordenador do Subcomitê Arrudas. “É com muito pesar que informamos o falecimento do amigo do CBH Rio das Velhas, professor Antônio Leite Alves Radicchi. Ele era professor da Faculdade de Medicina da UFMG, membro fundador do Projeto Manuelzão e sempre foi um militante pelas políticas de saúde, pela educação ambiental e pelo saneamento básico das águas de nossos rios”, disse a entidade.
Ainda conforme a nota, “trata-se de uma perda irreparável para a comunidade ambiental e para toda a sociedade mineira”. O crime acontece na manhã de segunda, quando um casal entrou no coletivo 9805 (Santa Efigênia/Renascença) e anunciou o assalto, segundo relato de testemunhas à Polícia Militar (PM).
Radicchi chegou a ser socorrido e encaminhado em estado grave para o Hospital de Pronto-Socorro Odilon Behrens, mas, segundo assessoria de imprensa do hospital, não resistiu ao ataque e morreu.
Amigo do professor e co-fundador do projeto Manuelzão, Apolo Heringer contou que a vítima quase não usava carro. “Andava sempre de ônibus. Ele era um cara simples e extremamente correto. Uma coisa impressionante. Ele foi criado no conjunto IAPI e foi ali que ele foi morto. Olha como é a vida”, lamenta.
Segundo informações de militares do 16º Batalhão da PM, o autor do crime e a namorada dele, de 23 anos, entraram no coletivo e anunciaram o assalto, na altura do bairro Concórdia, região Nordeste de Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Civil, todos os envolvidos foram encaminhados à Central de Flagrantes (Ceflan) I para prestarem depoimentos.
O crime
De acordo com relatos de testemunhas à polícia, o autor do crime parecia conhecer o professor e chegou a chamá-lo de “Toninho”. Durante o anúncio do assalto houve uma discussão entre os dois e o autor teria dito ao professor o seguinte, em tom de ameaça: “sua hora chegou, vai me levar pra Pedreira agora, vai?”.
Ainda segundo a PM, houve luta corporal entre os dois e o assaltante efetuou vários golpes de faca no professor. O casal de assaltantes fugiu com uma mochila e um celular. Ainda segundo informações dos militares, o motorista do ônibus chegou a levar o homem ferido para o Hospital Odilon Behrens.
Durante buscas pelo bairro Concórdia, o casal foi localizado na casa onde mora. Conforme os militares, no local foi encontrado uma jaqueta suja de sangue. A mochila e o celular não foram encontrados. O suspeito disse à polícia que a intenção dele não era a de roubar. Ele afirmou que foi motivado por vingança porque, na semana passada, o professor teria o agredido em um bar.
A família do professor Antônio Radicchi contesta a versão do bandido, de que os dois teriam um desentendimento anterior originado em uma briga de bar. “O Toninho não era de frequentar bar”, diz Nairo Alméri, casado com uma prima da vítima, e que falou em nome da família.
Ele diz que tanto o professor quanto seu pai, o cartunista Radicchi, faziam trabalhos sociais no bairro Concórdia, onde o criminoso foi preso em casa. Por isso, durante o assalto, ele teria chamado a vítima de “Toninho”. De acordo com a família, o professor teria reagido ao assalto e tentado sair do ônibus durante a ação. Quando descia do veículo, ele teria sido puxado pela mochila e atingido pelas facadas.