A possibilidade de aumento da passagem do metrô da capital de R$ 1,80 para R$ 3,40 causou indignação aos usuários. A informação do reajuste foi dada no sábado (5) a O TEMPO pelo Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas (Sindimetro). Segundo a entidade, a decisão foi tomada na última sexta-feira, em Natal (RN), em reunião da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
Na estação Eldorado, em Contagem, na região metropolitana, os passageiros diziam que o aumento de 88,8% era absurdo e tornava inviável o uso do transporte. A body piercing Júlia Rocha, 23, estava indignada. Moradora do centro de Contagem, ela disse que o serviço oferecido não condiz com o preço previsto pela CBTU: “Estou chocada. Até acho que pode haver aumento, mas tem que vir com a melhora do serviço”.
O estudante João Couto, 21, que está desempregado, também não se conforma com o provável aumento. Para ele, o reajuste torna ainda mais difícil conseguir um emprego. “Para eu entregar um currículo, tinha que arrumar R$ 1,80. Agora, o valor quase dobrou. Esse aumento é injustificável”, avaliou.
A dona de casa Eliane Calixto, 61, mora em Esmeraldas, na região metropolitana, e usa o metrô para fazer parte do percurso entre sua casa e o bairro Gameleira, onde a filha mora na capital. Com o aumento, as visitas vão ficar mais raras. “Não tem bolso que aguente”, lamentou.
População se revolta
“Para quem usa o metrô todo dia esse aumento é uma loucura. Cadê os impostos que pagamos? Acho que o gato comeu.”
Antônio Barbosa, 56
Marceneiro
Reajuste seria primeiro passo para privatização
O possível aumento de R$ 1,80 para R$ 3,40 no preço da passagem do metrô de Belo Horizonte pode ser parte de uma estratégia para atrair empresas e privatizar o sistema, segundo o Sindicato dos Empregados em Transporte Metroviários e Conexos de Minas (Sindimetro).
O orçamento para o metrô da capital caiu de R$ 260 milhões em 2017 para R$ 150 milhões neste ano, e o último reajuste da passagem ocorreu em dezembro de 2006. Mesmo com as limitações impostas pela redução do orçamento, o diretor jurídico do Sindimetro, Robson Zeferino, não vê motivo para o aumento de quase 90% na tarifa. O sindicato deve se reunir com movimentos sociais nesta semana e divulgar uma carta de repúdio ao reajuste, mas descarta a possibilidade de paralisação.