Quarenta e nove casos de febre maculosa já foram confirmados no Brasil este ano, dos quais seis resultaram em morte, segundo o Ministério da Saúde. A Região Sudeste é a que concentra o maior número das contaminações pela doença, transmitida por picada do carrapato estrela, com um total de 25 diagnósticos. Quatro foram em Minas Gerais – com pelo menos um óbito –, oito no Espírito Santo, sete em São Paulo e seis no Rio de Janeiro.
A febre maculosa é transmitida pela picada do carrapato e é causada pela bactéria do gênero Rickettsia. A doença não é passada diretamente entre pessoas pelo contato. No Brasil, os principais vetores são carrapatos do Amblyomma, popularmente conhecido como carrapato-estrela. Em geral, a doença se manifesta de forma repentina e com sintomas semelhantes a outras infecções como: febre alta, dor na cabeça e no corpo, falta de apetite e desânimo. Além disso, é comum aparecerem pequenas manchas avermelhadas na pele. De acordo com o Ministério da Saúde, o quadro se agrava com náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas. Nos casos mais graves, pode haver paralisia, começando nas pernas e subindo até os pulmões, o que pode causar parada respiratória e morte.
No fim de abril, um homem de 54 anos, que morava em Manhuaçu, na Região da Zona da Mata, em Minas Gerais, morreu em decorrência da doença. A causa da morte foi confirmada apenas no início de junho. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente tinha comorbidades como diabetes, hipertensão e cardiopatia. Ele morava no Bairro Nossa Senhora Aparecida, mas relatou ter tido contato com áreas com presença de carrapatos, como o Bairro Ponte da Aldeia e Bom Pastor, ambas próximas a um rio.
Outras duas mortes pela febre maculosa também podem estar ligadas a Minas. Um casal que morava em São Paulo esteve no Distrito de Monte Verde, no Sul do estado, e na semana anterior em Campinas, no interior de São Paulo. Ambos morreram depois de serem internados com febre e dores de cabeça. Aos médicos, a mulher relatou marcas de picada de inseto pelo corpo. A reportagem do
Estado de Minas procurou a Secretaria de Estado de Saúde para atualizar os dados de casos e mortes em Minas Gerais, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.
Campinas
Ontem, a Secretaria de Saúde de Campinas, no interior de São Paulo, confirmou a morte de três pessoas e a possível contaminação de uma quarta, pela febre maculosa. Todos os pacientes estiveram em um evento na Fazenda Santa Margarida, na região rural da cidade, em 27 de maio. Entre as vítimas está um casal que também esteve em Minas Gerais e uma mulher de 28 anos. Uma adolescente, de 16, que também esteve no mesmo local, está internada com sintomas da doença. O caso ainda está sendo investigado, para confirmar se ela contraiu a bactéria ou não.
Em nota, a Fazenda Santa Margarita lamentou as mortes e disse que sempre agiu de acordo com as normas e exigências legais relacionadas à vigilância sanitária. A administração do local informou, ainda, que mantém um rigoroso processo de manutenção e cuidados em relação ao espaço e sua conservação.
O comunicado também ressalta que a região rural da cidade apresenta recorrentemente casos de febre maculosa e que a responsabilidade pelo controle e prevenção da doença é do município. “Essa enfermidade é considerada uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida entre animais e seres humanos. Cabe ressaltar que a responsabilidade pelo controle e prevenção da febre maculosa é atribuída ao município, conforme estabelecido pela legislação pertinente”.
Diagnóstico e tratamento
Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico precoce da febre maculosa é muito difícil, principalmente nos primeiros dias da infecção. Isso porque os primeiros sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, como leptospirose, dengue, hepatite viral, entre outras. Para a pasta, em caso de aparecimento de qualquer sintoma é imprescindível que o paciente informe se esteve em locais de mata, florestas, fazendas, trilhas ecológicas ou onde possa ter sido picado por um carrapato.
A doença tem cura, desde que o tratamento com antibióticos específicos seja administrado nos primeiros dois ou três dias da infecção. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, mesmo sem diagnóstico confirmado, o medicamento deve começar a ser aplicado. Atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento pode provocar complicações graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins, dos pulmões, das lesões vasculares e levar ao óbito. (Com Agência Brasil)