Quatro pessoas ligadas ao setor de sucatas e metais em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, foram presas na manhã desta quarta-feira (26) durante a operação Sinergia.
De acordo com o delegado Vitor Abdala, responsável pelo Núcleo de Combate ao Crime contra a Ordem Econômica e Tributária de Contagem, com os presos foram encontrados mais R$ 1 milhão em dinheiro vivo. Um dos investigados, funcionário do lider do esquema, ainda está foragido.
“A quadrilha constituía empresas de fachada fora de Minas, em cidades de Tocantins e São Paulo. Em Belo Horizonte e região metropolitana foram presos o líder da organização criminosa e seus comparsas. Além de serem cumpridos 29 mandados de busca e apreensão, também pedimos o sequestro de bens do grupo, onde temos mais de 80 veículos e até uma aeronave, avaliada em aproximadamente R$ 4 milhões, segundo a Agência Nacional de Aviação e Controle Aéreo (Anac), o que mostra o tamanho do prejuízo causado aos cofres públicos”, explicou Abdala.
Entre os alvos da operação está um agente da Guarda Municipal de Belo Horizonte, que está sendo investigado em parceria com a corregedoria da instituição. A reportagem de O TEMPO entrou em contato com a Guarda Municipal e aguarda posicionamento.
O promotor de Justiça e membro da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça da ordem econômica Gustavo Souza Franco lembrou que em janeiro deste ano a empresa sediada em Contagem, que é o eixo onde se articula toda a operação criminosa, foi alvo de uma operação na qual foram apreendidas 80 toneladas de cobre e alumínio roubadas das fiações públicas.
“Descobrimos também que outras empresas eram usadas para calçar essas mercadorias, que por terem origem ilícita não tinham nota fiscal. Isso para tentar dar um aspecto de legalidade a elas. Essas empresas fictícias então criavam essas notas fiscais falsas com as quais obtinham créditos tributários”, explicou.
Antônio de Castro Vaz de Mello Filho, superintendente da Receita Estadual em Contagem, afirmou que a operação pode gerar multas e recuperações de impostos que podem passar dos R$ 250 milhões. “Apenas uma das empresas fictícias localizadas no Tocantins emitiu mais de R$ 1,3 bilhão em notas falsas para Minas e outros Estados. Apenas de fraude fiscal em Minas temos um valor acima de R$ 150 milhões”, descreveu.
Em nota a Guarda Municipal de Belo Horizonte informou que a Corregedoria instaurou Procedimento Administrativo Disciplinar em janeiro deste ano, para apurar a conduta do agente, quando seu nome surgiu nas investigações da Polícia Civil como suspeito de envolvimento no esquema de fraude. “Desde então, o guarda municipal está afastado de suas funções. O Procedimento Administrativo poderá resultar na demissão do agente do serviço público”, diz a nota.