O que deveria ser um facilitador da mobilidade urbana, tem trazido dor cabeça para dezenas de usuários de aplicativos de transportes de Belo Horizonte. De acordo com um levantamento feito pelo site Reclame Aqui, em 2017, as empresas Uber, 99, Cabify e Easy Taxi somaram mais de 82 mil queixas de seus usuários, 149% a mais em relação a 2016.
A jornalista Ana Carolina de Almeida, 28, usuária de três plataformas de transportes, passou por uma experiência desagradável há cerca de um ano. “Me cobraram por uma corrida que eu não fiz, com registro em São Paulo, e, mesmo eu afirmando que não estava na cidade na data da corrida, a empresa alegou que os motoristas são responsáveis pelo pagamento”, diz. A usuária conta que, apesar do ressarcimento do valor cobrado, ela ainda se sente lesada pelo fato de o motorista ter acesso aos seus dados pessoais, como os do cartão de crédito. “Fiquei com medo e agora não uso mais”, afirma.
De acordo com o site, as cinco principais reclamações feitas pelos usuários são: cobranças abusivas; problemas com estorno; cobrança duplicada; problemas com o motorista; e complicações com o login e/ou senha dos usuários.
Para o advogado especialista em direito do consumidor, Bruno Bugarelli, quando se sentir lesado, o usuário deve buscar a empresa e registrar o ocorrido. Caso o problema não seja resolvido, o especialista orienta fazer um Boletim de Ocorrência e buscar auxílio junto ao órgão de defesa do consumidor. Em casos mais graves, como danos morais, o advogado orienta acionar a Justiça.
A empresária Luana Veras, 35, que passou por instantes de tensão há quase dois anos ao embarcar em veículo e ser surpreendida pela postura do motorista do aplicativo, optou por não ir à Polícia Militar. “Como seria um processo burocrático, eu optei por reclamar direto com a empresa”.
Durante o trajeto, segundo Luana, o motorista atendeu a uma ligação e começou a ter uma conversa ameaçadora. A empresária pediu que ele encerasse a corrida, mas ele se negou. Com medo, ela desceu do carro quando o motorista parou no sinal vermelho. Neste caso, segundo o advogado, a usuária poderia fazer um B.O. contra a companhia, já que o motorista é o representante da empresa, segundo o Artigo Nº 34 do Código de Defesa do Consumidor.
Atendimento ao usuário e melhorias no serviços
A empresa de transportes por aplicativo Uber, por meio de nota, informou que, em busca de melhorias para seus usuários, recentemente investiu R$ 200 milhões em uma Central de Atendimento, localizada na cidade de São Paulo (SP). Ainda segundo a empresa, desde a sua chegada ao Brasil, em 2014, a companhia já realizou 530 milhões de viagens e o percentual de queixas no site Reclame Aqui é de 0,01% desse total de corridas realizadas.
As demais empresas de aplicativos de transportes foram procuradas pela reportagem, mas, até o fechamento desta edição, não retornaram à solicitação.
No Procon
Registro. De 2016 a dezembro do ano passado, o Procon BH registrou oito queixas contra a Uber. Segundo o órgão, a empresa foi notificada e, caso seja constado um vício na prestação de serviços, a companhia poderá ser multada. Não há queixas dos outros aplicativos.
Fonte: O TEMPO