O Banco Central (BC) optou por nomear seu projeto de moeda digital como “Digital Real X,” ou “Drex” para abreviar. Essa escolha tem levado algumas pessoas a associar essa moeda com o bitcoin (BTC) e outras criptomoedas, porém, existem notáveis diferenças entre o Drex e o bitcoin.
O Drex é categorizado como uma CBDC, que significa “Central Bank Digital Currency,” ou seja, uma “Moeda Digital de Banco Central” em inglês. CBDCs utilizam a tecnologia blockchain para agilizar a digitalização dos sistemas financeiros em várias nações. Reportadamente, cerca de 130 países estão estudando ou implementando CBDCs, incluindo o Brasil, que desde 2021 está desenvolvendo o Drex. Em 2023, iniciaram-se os testes e até o final de 2024, a intenção é que o Banco Central coloque a moeda digital em funcionamento.
As semelhanças entre o Drex e o bitcoin se resumem a dois aspectos: ambos são completamente digitais e utilizam a tecnologia blockchain para registro descentralizado e criptografado de informações.
No entanto, as diferenças são significativas. Enquanto a blockchain do bitcoin é pública e qualquer pessoa pode participar da rede para validar transações, a rede do BC será restrita, pois conterá informações sensíveis, sigilosas e relevantes para a segurança nacional.
Adicionalmente, a blockchain escolhida pelo Banco Central é a Hyperledger Besu, construída com base na tecnologia Ethereum, o que permite a criação de contratos inteligentes autoexecutáveis. Já a blockchain do bitcoin não possui essa capacidade, sendo projetada para transações diretas sem necessidade de instituições financeiras intermediárias.
Dado que o Banco Central é uma instituição financeira, a informação sobre o Drex será centralizada, o oposto do bitcoin, onde as informações são públicas para verificação dos participantes.
Quanto ao propósito do Drex, mesmo que o Pix e o bitcoin já possibilitem transações rápidas, a moeda digital do BC oferecerá diversas inovações, como:
- Pagamentos digitais: Similar ao bitcoin, o Drex permitirá envio e recebimento de dinheiro digital, embora o Pix já cumpra essa função com sucesso no Brasil.
- Remessas internacionais: O Drex pode simplificar transações internacionais, eliminando burocracias e custos elevados comuns a essas transferências.
- Políticas públicas: O Drex facilita a distribuição direta de recursos de políticas públicas, como o Bolsa Família, para a carteira digital dos beneficiários, garantindo o uso adequado dos fundos.
- Monitoramento de transações: A base de dados controlada pelo Banco Central permite um histórico completo de transações, útil para combater a lavagem de dinheiro.
- Contratos inteligentes: O Drex pode automatizar transações, como transferir dinheiro automaticamente para a carteira digital após a transferência de propriedade de um veículo, caso os sistemas do BC e do Detran estejam integrados.
Vale ressaltar que o Banco Central decidirá quais funcionalidades serão implementadas no Drex, dependendo dos resultados dos testes realizados até o final de 2024.