Alex Hitchens diz que “não importa o que aconteça, não importa quando, não importa quem, qualquer homem é capaz de conquistar qualquer mulher, ele precisa apenas das ferramentas certas”. Alex não é um pensador, é o carismático personagem vivido por Will Smith em “Hitch”, filme de 2005, um sujeito que não tinha jeito com as mulheres, é rejeitado por amar demais e se torna o conselheiro amoroso mais requisitado de Nova York.
Eduardo Santorini, pseudônimo para Rômulo, não é Hitch, mas sua história tem lá suas semelhanças com a do filme. Aos 26 anos, o mineiro de Belo Horizonte lembra que um “pé na bunda”, em 2006, o traumatizou. “Fiquei um bom tempo solteiro, enquanto ela, duas semanas depois, já estava em outro relacionamento. Foi traumático porque percebi que estava fazendo muita coisa errada, fazia tudo que ela queria, tentava agradar demais, deixei de ser atraente.”
“Fui procurar entender o que estava fazendo de errado, o que poderia mudar para me dar bem com as mulheres. Comecei a estudar, procurar material fora [do Brasil], criei o Atitude de Homem, onde compartilhava e dava dicas do que estava fazendo. Alguns meses depois, vi que várias pessoas comentavam e que as perguntas se repetiam: quanto tempo esperar antes de ligar para a mulher, o que falar na hora de abordá-la, como conseguir um encontro. A partir daí criei um workshop, o primeiro foi em janeiro de 2009”, diz Santorini. Ainda em 2009, ele abandonou o curso de Engenharia pela nova profissão: coach de sedução.
“NUNCA FUI PEGADOR”
Também foi com livros e demais materiais coletados na Internet que Fernando Mello, ou Fernando Fênix, entrou para o grupo dos coaches de sedução. O administrador de 37 anos – completados na última semana – afirma que, embora fosse um “cara animado”, não era bom ao lidar com as mulheres. “Nunca fui pegador. Em um desses términos de namoro, fiquei solteiro, não sabia o que fazer. Encontrei um amigo que não via há muito tempo, estava mais em forma, mais esperto, começamos a conversar, falei que estava insatisfeito. Ele me chamou para tomar uma, veio aqui em casa e começou a falar desse mundo todo de PUA.”
“PUA” é a sigla para Pickup Artist, denominação conferida aos homens que seriam os “artistas da sedução”. Mello explica que o método PUA foi difundido depois que Neil Strauss, jornalista do New York Times, investigou um grupo que discutia técnicas de sedução e publicou o resultado da experiência no livro “O Jogo – A Bíblia da Sedução”. Cada “artista” adota um pseudônimo. Temos assim Style (Strauss), Mystery – Erik Von Markovic, mentor de Neil e apresentador do programa “The Pickup Artist” –, Fênix (Mello) e Gambler, codinome do inglês Richard La Ruina, parceiro do brasileiro na PUA Training, no Brasil desde 2011.
QUEM PEDE AJUDA?
Mas existem homens que pedem ajuda – e pagam por isso – para aprender a falar com mulheres? Muitos, de acordo com os dois coaches consultados, e dos mais variados tipos. “Basicamente, tenho três perfis: o tímido que sempre teve dificuldades e que nunca chegou a ter uma relação sexual; o que não têm problemas, mas quer melhorar a técnica; e o que terminou o relacionamento e está perdido”, diz Santorini.
“Já tive aluno modelo de passarela, dos 18 aos 64 anos, bonito, feio, gordo, magro, alto, baixo. Vi de tudo. É claro que o perfil de muitos é o daquele homem mais tímido mesmo. Tem caras ‘boa pinta’, o tipo de cara que eu gostaria de ter sido; caras que faziam bullying comigo, chegam desconfiados, mas depois acham legal e agradecem. No fundo, todo mundo tem seus medos, suas dúvidas”, completa Fênix.
COMO FUNCIONA E QUANTO CUSTA
O perfil dos cursos é relativamente parecido. Eles acontecem sempre aos finais de semana, e contam com aulas teóricas e práticas, diurnas e noturnas. Em parques, baladas ou praias, os alunos colocam em ação o que aprenderam na sala de aula, e são observados e avaliados pelos coaches. “Consigo, em 15 minutos, passar uma técnica do que o aluno precisa fazer e muito provavelmente conseguir abordar uma garota e sair com um telefone”, diz Eduardo. A técnica, claro, ele não revela. Pelo menos não de graça. O curso, que geralmente tem entre quatro e seis clientes, e ocorre até duas vezes por mês, custa R$ 5 mil por pessoa. A maioria dos que buscam ajuda é, nesta ordem, de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Na PUA Training são três tipos de curso para até 12 clientes: Bootcamp, Master Bootcamp e VIP. O primeiro envolve palestras, aulas e saídas a campo, onde os instrutores agem como os “irmãos mais velhos” dos alunos, brinca Fernando, e custa R$ 1,2 mil; o segundo é uma extensão do primeiro, para quem busca um nível avançado; e o terceiro é personalizado. Os dois últimos exigem mais do bolso: R$ 3 mil cada. Em BH, Eduardo também possui um pacote “VIP” semestral e que é o mais caro de todos: R$ 25 mil por uma semana ao lado do mineiro em uma mansão de Florianópolis.