Irreverente, sincero, mulherengo e seguro de si: quando Renato Gaúcho é o personagem, não faltam palavras para descrevê-lo. De jogador a técnico, a carreira de Renato oscilou entre altos e baixos acumulando um dicionário de frases marcantes.
Herói do Grêmio como jogador, Renato Gaúcho já deixou claro que não quer nada mais nada menos do que uma estátua em Porto Alegre. O atacante que entrou na história dentro dos gramados agora fortalece sua relação com o clube conquistando como técnico do tricampeonato da Copa Libertadores 2017.
O vínculo entre Renato e Grêmio iniciou nos anos 1980, quando estreou como profissional defendendo as três cores da equipe.
Em 1983, saboreou a glória ao levantar o primeiro título da Libertadores e ser o autor do gol da vitória por 2 a 1 sobre o Hamburgo, na final da Copa Intercontinental.
Em sua melhor fase, o atacante foi convocado pelo técnico Telê Santana para integrar a seleção brasileira na Copa do México-1986. Adepto das festas, saiu da concentração com outros jogadores e só voltou às quatro da manhã, depois do toque de recolher imposto pelo treinador.
Telê não aceitou a indisciplina e cortou o atacante da disputa do Mundial, fazendo Renato esperar até a Copa da Itália em 1990 por mais uma chance no Mundial. O atacante foi reserva e participou apenas dos últimos minutos da derrota para a Argentina, nas oitavas de final.
– História na dupla Fla-Flu –
Em sua única experiência internacional, Renato viveu temporada amarga na Roma, em 1989, sem balançar as redes.
Nascido na pequena cidade de Guaporé, no Rio Grande do Sul, Renato também teve passagens por Flamengo, Fluminense e Botafogo e outros clubes brasileiros.
Jogando ao lado de Zico, conquistou o carinho da Nação Rubro-negra com o título brasileiro de 1987 e a Copa do Brasil de 1990, para depois ser idolatrado pelo Fluminense ao fazer o decisivo ‘gol de barriga’ na final do Carioca de 1995 contra o Flamengo.
Renato Gaúcho também abalou corações fora dos gramados.
Com estilo mulherengo, foi destaque por seus romances e conquistas. Um capítulo que mostra a face sedutora do jogador aconteceu em 1985, quando apareceu na televisão dizendo estar triste e longe de seu amor. Renato entregou flores à distância e mensagens de carinho para várias mulheres no dia dos namorados.
Mas o futebol e a estrela que parece acompanhar a carreira de Renato em momentos decisivos foram o fio condutor de sua trajetória.
Com o título da Libertadores recém-conquistado, Renato se tornou o primeiro brasileiro e o oitavo jogador do mundo a vencer a Libertadores como jogador e técnico.
Em 2008, esteve perto de conseguir a façanha comandando o Fluminense. No entanto, precisou se contentar com o vice-campeonato depois de ser derrotado nos pênaltis pela LDU de Quito.
Quis o destino que o triunfo chegasse com o Grêmio, clube que voltou a treinar pela terceira vez em setembro de 2016. Três meses depois, levou o Tricolor ao título da Copa do Brasil e agora está a um passo de terminar a temporada como vice-campeão do Brasileirão.
Com apenas duas derrotas, o Grêmio conquistou o objetivo de chegar à quinta final continental de sua história. Com a taça continental, se igualou a Santos e São Paulo com três títulos da competição, um recorde do futebol brasileiro.
“O futebol é como andar de bicicleta. Quem sabe, sabe. Quem não sabe, que vá estudar”, falou em 2016 depois de levantar a Copa do Brasil. Com o título em mãos, Renato, que aos 55 anos encerrou uma entrevista aplaudindo a si mesmo, parece demonstrar que nasceu sabendo.