A luta diária contra a balança é bem desafiadora para quem tem obesidade ou apresenta sobrepeso. Na corrida para o emagrecimento, essas pessoas têm um aliado: o método 5S. O objetivo é desinflamar o hipotálamo – região do cérebro que regula processos metabólicos como a fome e a sede – e reprogramá-lo em apenas três meses, resultando em uma perda que pode ir de 10 kg a 20 kg.
Isso acontece, primeiro, por meio da ação anti-inflamatória de suplementos e da alimentação; e, segundo, pela reeducação dos hábitos de vida diários, como o controle do peso e o autocuidado das emoções.
De acordo com a nutricionista Viviane Soares, o 5S tem como base cinco estratégias divididas em três ciclos. A primeira delas é a reeducação alimentar, mas, nesse caso, não existe cardápio. O paciente é orientado a evitar o consumo de alimentos industrializados, hipercalóricos e de alto índice glicêmico, como carboidratos simples.
A segunda é a suplementação com vitaminas e minerais que têm efeitos funcionais, como diminuição da vontade de comer doce, combate à depressão e aumento da sensação de bem-estar.
Em seguida, acontece a desinflamação do hipotálamo, a partir do uso de compostos de ômega 3 e ômega 9 por via oral. Já a quarta estratégia usa os tratamentos estéticos, com mantas térmicas e aparelhos que emitem radiação infravermelha com o intuito desintoxicar o sangue.
Por último, há a chamada “terapia motivacional em grupo” (feita por meio de um aplicativo de conversa no celular). De acordo com Viviane, essa é a parte mais importante. “Todas as outras técnicas falham se o acompanhamento motivacional não acontece. A nutricionista fica à disposição do paciente, em horário comercial, para dúvidas e esclarecimentos. Nesses três meses, ele precisa tirar foto de todas as refeições e do peso diariamente e enviar. Caso alguma coisa não esteja adequada, nós intervimos com orientação”, explica.
A nutricionista explica que o período mínimo de aplicação do 5S – 90 dias – é sucedido por uma orientação tradicional de nutrição. “Após esse tempo, de perda significativa de peso e reeducação do paciente, nós fazemos a manutenção do resultado. Pedimos que ele venha, fielmente, uma vez por mês para fazermos o monitoramento do peso e tirarmos todas as dúvidas”, diz.
Ressalva. Segundo Viviane, aqueles que têm peso normal que estão em tratamento contra o câncer e que fizeram cirurgia bariátrica recentemente, além de grávidas e hipertensos, não devem experimentar o método. “Em outras situações, é necessário que se consulte o médico para a liberação”, orienta.
Dados. Mais da metade da população brasileira está com sobrepeso, e a obesidade já atinge 20% das pessoas adultas. Esses dados foram divulgados no primeiro semestre deste ano e fazem parte de um relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Paciente recupera saúde e autoestima após emagrecer
“Quando me olho no espelho, não são só 19 kg a menos, mas uma autoestima recuperada, junto com a minha saúde”, diz a jornalista Juliana Pereira, 34, que tinha um quadro de sobrepeso.
As medidas não ajudavam: ela tem 1,50 m e pesava 76 kg, quase 20 kg a mais do que o ideal. Além disso, o que agravou ainda mais a situação foi a internação do filho, que nasceu prematuro. “Só na gestação, ganhei 10 kg. Depois dessa etapa, meu filho nasceu prematuro e ficou um mês internado na UTI”, narra. Em 30 dias, foram mais 7 kg para a conta.
Juliana conta que o resguardo não foi de recuperação positiva. “O estresse e a preocupação faziam com que eu passasse dias e noites no hospital, então não me recuperei e me alimentei pior do que na gravidez”, comenta.
Desanimada por causa de tudo o que aconteceu, Juliana afirma que não via muitas alternativas para reverter o processo. Mas o primeiro passo da mudança veio no fim de agosto, quando ela avistou o letreiro de uma clínica de nutrição, exatamente nove meses depois do nascimento do filho.
No mesmo dia. “Marquei a primeira consulta e expliquei a minha situação à nutricionista, que me recomendou o 5S. Comecei no mesmo dia. O que me fez continuar foi o acompanhamento diário que ela fazia comigo. A disciplina e a orientação que me motivaram. Só na primeira semana foram nove quilos”, conta.
A última consulta do método aconteceu na semana passada. “Eu tinha dois objetivos: reduzir os remédios da pressão – depois da pré-eclâmpsia tomava cinco por dia, e, hoje, são três e meio e sair magra na foto de aniversário do meu filho. Consegui cumpri-los. Agora, é continuar indo todo mês para monitorar”, diz.
Fonte: O TEMPO