Uma universitária de 20 anos foi presa suspeita de ter arquitetado o assassinato da mãe adotiva na cidade de Rodeiro, na Zona da Mata, nesta semana. Com a morte da idosa, a estudante ficaria com a herança da vítima.
O crime lembra a história de Suzane Von Richthofen, que planejou a morte dos pais em 2002 com a ajuda do namorado e do cunhado. No caso de Minas, a jovem, que acabou presa, teve como comparsa o irmão biológico.
Adotada com apenas 5 meses de vida, a mulher foi criada como filha única por Geny de Oliveira Benevenuto, de 67 anos, e o marido, que faleceu há alguns meses. Sem precisar trabalhar, tinha como compromisso apenas o 5º período da faculdade de direito.
Com tempo de sobra, traçou os planos e os colocou em prática nodomingo, quando afirmou à Polícia Militar que a mãe havia sido assassinada durante um roubo.
Segundo o boletim de ocorrência da corporação, policiais foram acionados depois que vizinhos escutaram tiros na casa da professora aposentada. No imóvel já encontraram a vítima morta, com quatro perfurações, sendo três no peito e uma no braço.
Em conversa com a filha, ela contou aos militares que tinha ido a Ubá, cidade vizinha, de carro e, ao retornar para Rodeiro, foi perseguida por dois homens em uma motocicleta. Já na porta de casa teria sido abordada pela dupla armada, que anunciou o roubo, e a obrigou a entrar no imóvel. Geny estava no 2º andar quando foi rendida e baleada. Os criminosos fugiram levando o celular da idosa.
Frieza
Enquanto contava a história do roubo, a equipe policial desconfiou da frieza da suspeita momentos depois da morte da mãe. Durante a conversa, ela acabou confessando o crime, e entregou que o irmão de 22 anos e um adolescente de 14 estavam envolvidos no homicídio.
A mulher alegou que o irmão estava exigindo dinheiro e ameaçou matá-la caso não recebesse o valor solicitado. Ele foi localizado junto com o adolescente e apresentou uma outra versão para o crime: contou que a irmã o procurou dias antes do assassinato e ofereceu R$ 3 mil para que ele desse um “susto” na mãe adotiva.
Os três foram encaminhados à Delegacia de Ubá, onde prestaram depoimento.
Herança
Segundo familiares, a mulher tinha interesse na morte da mãe para ficar com a herança da vítima e do pai adotivo. Geny era proprietária de duas casas e um lote na cidade de Rodeiro. Parentes também desconfiam que a idosa tenha feito um seguro de vida. No entanto, o valor do documento não foi divulgado.
Suspeita afirmou que era humilhada pela mãe
Em depoimento, a mulher afirmou à Polícia Civil que queria apenas “assustar” a mãe porque era humilhada pela idosa. No entanto, o delegado responsável pelo caso, Bruno Salles, afirmou que a versão é mentirosa, uma vez que conhecidos disseram que a jovem era bem tratada.
“Nós trabalhamos com duas linhas de investigação para o caso. Conversei com o advogado da Maria Laura e ele disse que a Geny já tinha passado todos os imóveis para o nome da filha. Só que a mãe tinha o uso e a administração. Ela pode ter tramado a morte para herdar ou tirar o uso fruto da mãe. Outra possibilidade é ela tertramado o roubo porque suspeitava que a vítima guardava dinheiro em casa. Só que pode ter acontecido alguma coisa que ela não teve controle no momento em que estavam na casa e acabou culminando com esse homicídio. Nós estamos apurando tudo”, explicou o policial.
Ainda segundo o delegado, o irmão da universitária e o adolescente se acusam entre si em relação a quem efetuou os disparos. A estudante não teria apontado o autor dos tiros, e agora a polícia aguarda o resultado de uma perícia para saber qual dos suspeitos tinha vestígio de pólvora nas mãos.
“A princípio, eles podem responder por homicídio qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Ou, dependento do resultado das investigações, pode culminar para um latrocínio – roubo seguido de morte”, finalizou o policial.
O advogado de Maria Laura não foi localizado para comentar o caso.
Minientrevista
Paulo César de Oliveira – 51 anos
Irmão da vítima
Como era a relação da jovem com sua irmã? Quando ela era pequena não tinha problema. Ultimamente, começaram a ter brigas por questões financeiras. Após minha irmã pagar para a filha tirar a habilitação, ela pegava o carro e deixava a mãe em casa sozinha. Não cuidava.
A Geny chegou a reclamar de maus-tratos da filha? Nunca comentou nada. Porém, uma vizinha nos contou, após o assassinato da Geny, que ela não estava deixando minha irmã manter contato com os outros moradores da rua.
A sua sobrinha tinha contato constante com a família biológica? Sim. A Geny nunca proibiu esse contato, essa menina sempre fez o que quis. Minha irmã amava a filha, deu sempre as melhores coisas, queria que ela se formasse. Olha o que uma estudante de direito fez. Espero que ela e os outros dois paguem por esse crime.
Atualizada às 14h13