Uma moradora de Caratinga, na Região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, morreu depois de atravessar ilegalmente a fronteira do México com os Estados Unidos na última quinta-feira (20/7). O corpo de Márcia Cristina Dutra, de 36 anos, foi encontrado em uma área de difícil acesso na Califórnia e precisou de um helicóptero para ser acessado. A família tenta trazer o corpo de Márcia de volta para sua cidade natal, para realizar o velório e sepultamento.
Um dos irmãos de Márcia, Marcos Dutra, mora nos Estados Unidos e, quando soube que a irmã tinha planos de imigrar ilegalmente para o país, se opôs à ideia, assim como toda a família. Porém, o namorado de Márcia já estava nos EUA e insistiu que ela fosse também, alegando que a travessia era segura.
“Eu, por ter vindo, ter feito esse processo, relatei para ela que não era seguro”, relata Marcos. Os demais familiares também não apoiavam o sonho de Márcia. “Ninguém apoiou porque ela não tinha a saúde boa para isso”, conta o irmão. A mulher sofria, desde pequena, com bronquite e asma, o que tornava a travessia ainda mais difícil.
Além da mãe e dos irmãos, a caratinguense também deixou uma filha de 11 anos. A mãe de Márcia contou a um jornal local que ela teria dito que deixava a filha para a avó “de papel passado”. A menina também era um fator que, para a família, deveria contribuir para impedir a travessia.c“Não é lugar para uma criança nem para uma mulher vir sozinha”, conta Marcos.
A viagem rumo ao sonho
Márcia Cristina planejava a viagem há oito meses e o desejo se intensificou especialmente depois de o namorado e o irmão terem conseguido atravessar a fronteira. A família da mulher estava mantendo contato com ela, até que ela passou a não responder mais. O namorado afirmou que ninguém sabia onde ela estava e entrou em contato com Marcos, irmão dela.
Marcos pediu ajuda ao Consulado do Brasil em San Diego, na Califórnia. Depois, recebeu uma ligação do Consulado brasileiro em Los Angeles, informando que a mulher havia sido encontrada em um lugar remoto, precisando até de um helicóptero para resgatar o corpo. De acordo com a entidade, Márcia teria desmaiado ao longo da travessia e não acordou depois. Na opinião do irmão, ela foi deixada pela equipe que realizava a imigração ilegal, os chamados coiotes.
Os perigos da travessia ilegal
Marcos Dutra mora nos Estados Unidos há um ano e meio e conta que passou pela travessia que a irmã tentou realizar. De acordo com ele, “é muito sofrimento. Eu não indico isso para ninguém”. “Se tiver alguém querendo vir, não venha, não”, ele adverte. Além dos riscos legais, os imigrantes ainda sofrem com condições extremas nos trajetos feitos na companhia dos coiotes.
O irmão de Márcia conta que realizou uma caminhada de três horas e quarenta minutos, com sede e prestando socorro às outras pessoas que também tentavam atravessar a fronteiro para os Estados Unidos. “A travessia é de muito risco. Se eu soubesse, nunca teria nem tentado”, ele diz.
Vaquinha para levar corpo de Márcia para Caratinga
O corpo da caratinguense ainda está nos Estados Unidos, em uma instituição médica que não é de conhecimento da família. Os parentes desejam realizar um velório para Márcia na cidade em que ela morava. Porém, o custo para trazr o corpo de volta ao Brasil é alto e deve ser pago em dólares.
Por isso, a família da mulher organizou uma vaquinha online para arrecadar US$ 18 mil. O valor serviria para custear desde a documentação necessária para liberar o corpo até o transporte até o Brasil. Até agora, foram arrecadados US$ 7.463 dólares, e é possível doar pelo link: https://www.gofundme.com/f/brasileira-com-sonho-interrompido-na-fronteira?utm_campaign=p_cp+share-sheet&utm_medium=copy_link_all&utm_source=customer
Posicionamento dos órgãos competentes
A redação do Estado de Minas procurou o Ministério das Relações Exteriores e o Consulado do Brasil, mas ainda não obteve resposta.