Para o mercado audiovisual britânico, a eventual separação do Reino Unido da União Europeia pode ser tão complicada quanto uma crise política entre os sete reinos ficcionais de Westeros na série “Game of Thrones”, da HBO. A saída é apoiada pela maioria dos britânicos, que votaram na quinta (23) em um referendo.
Michael Ryan, diretor da Associação Independente de Filme e Televisão (a IFTA) britânica, escreveu à revista “Variety” que abandonar o bloco político e econômico será “devastador” para o financiamento de filmes e séries de TV, que conseguem se sustentar graças a coproduções com outros países europeus.
“Hoje, não sabemos mais como nossas relações com coprodutores e financiadores irão funcionar, nem se haverá a cobrança de taxas para nossas atividades no resto da Europa, ou se o financiamento de produções irá crescer sem o aporte de outras agências europeias de fomento”, escreveu.
Uma das grandes produções em xeque é o seriado “Game of Thrones”, megaprodução da HBO que encerra sua sexta temporada no próximo domingo (26).
Segundo a revista “Foreign Policy”, a perda de recursos sem a ajuda financeira do bloco será “massiva”: ela é em parte financiada pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, que responde à União Europeia. Se o Reino Unido não integra mais o grupo, os recursos ficam comprometidos.
Além disso, a facilidade em conseguir locações em outros países será prejudicada. A maior parte de “Game of Thrones” é filmada na Irlanda do Norte, mas há também cenas rodadas na Espanha, Croácia, Malta e na Islândia —que já não integrava o bloco.