Em depoimento à polícia, um segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) relatou que Francisco Wanderley Luiz, autor das explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes, deitou no chão próximo à estátua da Justiça e esperou pela detonação de um dos artefatos. As informações foram registradas em boletim de ocorrência obtido pelo UOL.
Ação do suspeito e tentativa de aproximação
De acordo com o segurança, Luiz se aproximou do STF em uma “atitude suspeita”, carregando uma mochila e um extintor. Ao tentar se aproximar, o segurança foi advertido pelo homem, que aparentava ter lançado cerca de três explosivos em direção ao prédio, mas a distância impediu danos ao STF. Durante a tentativa de abordagem, o segurança avistou um objeto semelhante a um relógio digital, que supôs ser parte de um dispositivo explosivo. Luiz teria inicialmente manipulado o extintor, mas, ao desistir, deixou-o no chão antes de deitar e aguardar a explosão.
Histórico do suspeito
Francisco Wanderley Luiz, natural de Rio do Sul, Santa Catarina, concorreu ao cargo de vereador em 2020 sob o nome “Tiü França” pelo PL, recebendo 98 votos. Em suas redes sociais, ele publicou mensagens ameaçadoras, alertando para bombas em locais estratégicos e se referindo a uma “raposa no galinheiro”. A suposta publicação de uma foto no plenário do STF está sendo investigada pela Corte, que apura a veracidade da imagem.
Entenda o caso
As explosões ocorreram por volta das 19h30 da última quarta-feira (13). Além do STF, o carro do suspeito foi detonado no estacionamento da Câmara dos Deputados. Em razão das explosões, o STF evacuou seu prédio e o Senado Federal suspendeu suas atividades.
Informações preliminares indicam que Luiz circulou durante o dia pelo Anexo 4 da Câmara, onde ficam a maioria dos gabinetes parlamentares. A entrada no prédio é permitida a qualquer pessoa, desde que passe por detectores de metal, mas sem revista pessoal.
No momento da explosão, a Câmara estava em sessão, debatendo a PEC sobre imunidade tributária das igrejas. Mesmo com o incidente, a sessão foi mantida até às 21h14, sendo suspensa pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) apenas após a confirmação da morte de Luiz. Alguns parlamentares criticaram a continuidade da sessão, lembrando dos ataques de 8 de janeiro e da necessidade de tratar a segurança com rigor.
Nota do STF e segurança dos ministros
O STF emitiu uma nota informando que “os ministros foram retirados do prédio em segurança” e que “dois fortes estrondos foram ouvidos” durante a sessão, que discutia operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro. Com o plenário mais cheio devido à presença de autoridades e membros da sociedade civil, muitos ainda estavam no edifício no momento das explosões, o que gerou tensão entre os presentes.
O incidente levanta preocupações sobre a segurança nos prédios públicos de Brasília, especialmente em um momento em que o Brasil se aproxima do segundo aniversário dos eventos de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram alvo de ataques antidemocráticos.