Desde o debute e o sucesso cada vez maior de Game of Thrones, executivos da HBO devem se reunir frequentemente para discutir. “Ótimo, acertamos com essa série, mas ela está acabando. E agora?” Bom, agora, existe Westworld.
Duas temporadas ainda estão por vir de Game of Thrones, série baseada nos livros de George R. R. Martin que foi capaz de fazer até quem não é muito fã de histórias fantasiosas, com dragões e zumbis, grudar nos aparelhos de TV nas noites de domingo – e ainda conjecturar sobre o futuro que ainda aguarda os personagens que sobreviveram até aqui. Serão, contudo, anos mais curtos, com oito episódios cada (normalmente são dez) e há no ar uma desconfiança de que a trama está sendo prolongada apenas por fins financeiros. E, é claro, para ganhar tempo para Westworld.
Também no ar nos domingos à noite, mas às 23h (GoT é exibida às 22h. horário de Brasília), a nova série criada por Jonathan Nolan (irmão do cineasta Christopher Nolan) e Lisa Joy estreou em 2 de outubro, no Brasil e nos Estados Unidos, simultaneamente, e já conseguiu alcançar uma audiência superior a 2 milhões de norte-americanos sintonizados ao mesmo tempo em um episódio. Os números são expressivos pelo horário, inclusive, e ajudaram a série a ter a segunda temporada já assegurada, mas não são só eles que contam.
Westworld é uma ficção que se passa em um futuro não tão distante, em um parque de diversões que simula o ambiente do velho oeste povoado por robôs tão humanizados que é difícil distingui-los daqueles de carne e osso. A cada episódio (e neste domingo foi exibido o oitavo, de um total de dez), a trama se intrinca, sem forçar demais a barra com o telespectador mais casual e também para não chamá-los de estúpidos. “O fundamental em qualquer série de TV ou filme é um bom roteiro”, explica Jeffrey Wright, ator que vive o interessante personagem Bernard Lowe, conhecido dos teens por integrar o elenco da franquia cinematográfica Jogos Vorazes e ganhador do Globo de Ouro pela atuação na série Angels in America. “E Jonathan e Lisa (criadores da série) estão no topo nesse sentido. Eles pegaram o conceito criado no filme de 1973 e o desenvolveram. A tecnologia hoje é algo muito mais próximo da gente. Está presente no nosso papo entre amigos. A premissa se tornou mais relevante”, explica ainda.
Outra parte importante do que faz a série ser bem recebida é o joguete entre entregar demais ou não os mistérios que circulam a trama centrada no parque de diversões por vezes macabro. Cria-se a interrogação na cabeça de quem a assiste, a ponto de começarem a se espalhar teorias para desvendar esse mistério. Wright se diverte com isso. “Acho maravilhoso que as pessoas possam criar a própria versão da série”, ele diz. “Nós, atores, também estamos diante desse mistério.”