A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e servidores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se reuniram na tarde desta quarta-feira (6) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e reagiram à operação “Esperança Equilibrista”, da Polícia Federal (PF), que apura um suposto desvio de cerca de R$ 4 milhões em recursos públicos na construção do Memorial da Anistia Política do Brasil, projeto financiado pelo Ministério da Justiça e executado pela instituição de ensino.
Membros da CUT de Minas Gerais e do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes) afirmam que a operação teve cunho político, em represália ao posicionamento da universidade nos últimos anos. A presidente da CUT no Estado, Beatriz Siqueira. criticou o modo de atuação da PF que cumpriu sete mandados de operação coercitiva, e 11 de busca e apreensão. Dentre os conduzidos estavam o reitor da UFMG, Jaime Rodriguez, a vice-reitora Sandra Goulart, que foi eleita para o cargo de reitora a partir de março de 2018 e o presidente da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), Alfredo Gontijo.
“A UFMG está sofrendo um processo semelhante ao que aconteceu em Santa Catarina. Você criminaliza a instituição, cria a falsa ideia de desvio e condena primeiro e destrói moralmente a imagem da universidade. Não somos contra investigações, mas o que está acontecendo é um show midiático. As pessoas foram conduzidas sem ao menos informar o motivo da condução”, ressaltou Beatriz.
Para Cristina Del Papa, representante do Sindifes, a operação teve um viés político. “A medida que a universidade se mostrou contra as privatizações e o corte do investimento na educação superior, é uma ação orquestrada. A UFMG apresentou um relatório na Câmara de BH mostrando os impactos da PEC dos 20 anos na deterioração dos serviços públicos.Tivemos um corte de 13 bilhões em 2015 para 5,9 bilhões em 2017. Nós servidores estamos sendo atacados pelo governo e não é a primeira vez, aconteceu nas federais do Paraná e Santa Catarina. É abusivo uma justiça sem ampla defesa” afirmou.
Para a professora do departamento de medicina, Eli Iola Gurgel Andrade, a condução coercitiva realizada pela PF é ataque à democracia” e “não é um caso isolado”. “Boa parte da universidade é sustentada por projetos de pesquisa e nos estranha que um órgão federal que convive diariamente com recursos federais nas nossas universidades não nos apresente nenhuma prova concreta. É um nível generalidade e muito vago o que o delegado destacou. A UFMG sempre se mostrou contra a privatização das universidades federais, participou ativamente contra o congelamento dos investimentos em educação e tecnologia. As instituições estão sendo atacadas, é ação coordenada para destruir, descredenciar a imagem da UFMG, ao pegar as lideranças, no caso os reitores, e destruir a credibilidades deles”, ressaltou.
Contrario à operação foi o deputado estadual Rogério Corrêa (PT). De acordo com o parlamentar, uma audiência será marcada para apurar possíveis excessos na conduta da PF. “A comissão de Direitos Humanos, a Assembleia Legislativa não vai esquecer esse fato. O que nos espanta é que no caso do acidente de Mariana, com a Samarco, ninguém foi conduzido coercivamente, mesmo com provas”, destacou.