O transtorno ou síndrome de Tourette é considerado o mais grave transtorno de tique e foi descrito pela primeira vez pelo médico francês Georges Gilles de la Tourette em meio a um grupo de nove crianças francesas, em 1885.
Os sintomas têm início entre os 5 e 10 anos de idade, sendo os tiques motores faciais, como piscar os olhos e movimentos de pescoço, as principais manifestações inicialmente observadas. Posteriormente, esses tiques tendem progressivamente a acometer membros e tronco, chegando a evoluir para a ocorrência de tiques vocais.
O diagnóstico da síndrome de Tourette é realizado quando identificado um histórico de tiques motores múltiplos no paciente e de pelo menos um tique vocal em alguma fase da doença. Os sintomas devem estar bastante presentes e causar sérios prejuízos a vida escolar e social do estudante. A prevalência da síndrome de Tourette é de em torno de 0,5, sendo os meninos três vezes mais acometidos do que as meninas.
Crianças e adolescentes com essa síndrome não são capazes de controlar esses tiques e não devem se sentir culpados por isso. A punição executada por alguns pais, assim como as brincadeiras feitas por colegas na intenção de ridicularizar seu comportamento, não ajuda no controle dos tiques e pode tornar pior a evolução do problema nessa criança.
Esses pacientes podem apresentar problemas de atenção, concentração ou desenvolver obsessões e compulsões. O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é outra condição associada aos portadores de transtornos e tiques e pode ocorrer em até 60% dos casos .
Na idade adulta, alguns tiques podem desaparecer naturalmente, enquanto outros tendem a se perpetuar. Nesses casos, eles podem interferir em atividades laborativas e sociais, prejudicando acentuadamente a autoestima e a vida da pessoa de maneira geral.
Causas da síndrome de Tourette
Estudos indicam que vulnerabilidade genética estão ligadas ao surgimento do transtorno. Situações estressantes não causam os tiques, mas funcionam como desencadeadores dos sintomas.
Alterações químicas do cérebro envolvendo neurotransmissores (substâncias químicas que fazem a comunicação entre as células nervosas) como a dopamina estariam relacionadas com as causas da síndrome de Tourette.
Tratamento da síndrome de Tourette
A diminuição dos tiques, a recuperação da autoestima, a melhoria da qualidade de vida e das relações sociais em casa e na escola são os principais objetivos do tratamento.
Frequentemente, os jovens acometidos por tiques são muito ansiosos, apresentando sentimentos de culpa e baixa autoestima. Suporte emocional à criança ou ao adolescente e orientação familiar serão fundamentais para se reduzirem o estresse e a ansiedade que ficam constantemente presentes.
O trabalho educativo com informação a respeito do transtorno deve ser o primeiro passo no tratamento. Informar a criança, seus familiares e professores sobre as características do problema, as estratégias de tratamento e o prognóstico podem ajudar a desmistificar e diminuir o preconceito relacionado aos tiques.
A informação será fundamental para o sucesso terapêutico. Este trabalho informativo pode ser muito útil na melhoria da autoestima e no funcionamento social dessas crianças e adolescentes com transtornos de tiques, uma vez que ajuda na diminuição do preconceito, aumenta a aceitação e o entendimento do problema, reduzindo o comportamento bullying que comumente vitimiza esses portadores.
Outra estratégia importante de intervenção é a terapia. A mesma auxilia no manejo dos tiques e auxilia na redução do estresse e na diminuição dos conflitos familiares que ocorrem.
As medicações são sempre indicadas quando há dificuldade no manejo dos tiques, desconforto físico, estigmatização, exclusão social e significativa interferência do desempenho escolar.
Condições associadas, como o transtorno obsessivo compulsivo, o trastorno de déficit de atenção/hiperatividade e outros transtornos ansiosos, também devem ser tratados simultaneamente.
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