A pedagoga e assistente social Radylene Coqueiro Leite, 54, encara o trabalho voluntário como um emprego de carteira assinada, com carga horária fixa, férias e uniforme. A única diferença é o salário: em vez de dinheiro, ela recebe benefícios, como o conhecimento de realidades diferentes, a satisfação de se sentir útil e a gratidão. “Eu tenho a filosofia de que, sem caridade, não há salvação. O trabalho voluntário, para mim, é a cura de todos os males: físicos, emocionais, espirituais e sociais”, diz.
Rady faz parte de um time de papais- noéis mineiros que fazem da solidariedade uma missão o ano todo. Eles garantem que quem doa ganha mais do que quem recebe. A voluntária dedica quatro dias da semana ao trabalho voluntário. Às terças e quintas-feiras, ela é presença garantida no Hospital da Baleia, onde elabora atividades lúdicas e brincadeiras, como bingo, para os pacientes da hemodiálise e faz artesanato com os pacientes oncológicos e acompanhantes há mais de dois anos.
“Os pacientes de hemodiálise ficam presos à máquina quatro horas por dia, três vezes por semana. Quando eles falam que nós somos a alegria deles no hospital ou que, no dia em que estamos lá, o tempo passa mais rápido, é um pagamento e tanto. A médica falou que eles passaram a pedir menos remédio para dor”, relata Rady. “Aquele ambiente do hospital passou a ser mais leve e um pouco mais alegre. O voluntariado é uma escolha que requer comprometimento e responsabilidade”, conclui.
A advogada Paula Dolabela Falcão, 33 anos, cresceu vendo os pais ajudarem a Fundação Sara, dedicada à assistência de crianças e adolescentes com câncer. Quando a mãe dela faleceu, há três anos, ela quis dar continuidade ao legado. Paula começou no setor administrativo e, desde o início deste ano, passou a fazer trabalhos manuais com as crianças. “Todas as terças-feiras eu vou lá com propostas diferentes de trabalho. Eles são muito participativos. É uma alegria”, contou.
Paula conclui, dizendo que, desde que começou a se dedicar ao voluntariado, passou a acreditar mais no ser humano.
Auxílio. Para quem quer se tornar voluntário em 2018, a internet é uma boa aliada. É possível encontrar online formas de ajudar as entidades e os contatos das instituições.
Lembranças ruins podem se transformar em doação
Dedicar o dia 25 de dezembro ao outro também é um ato de amor. José Naíde de Carvalho, de 75 anos, dono de um bar no Barreiro, perdeu a filha em um acidente de trânsito no Natal de 1986 e, desde então, ficou difícil para ele comemorar a data. Sete anos depois, encontrou uma forma de deixar o dia um pouco mais feliz – passou a juntar dinheiro para comprar presentes e distribuir pelas estradas.
“Deus foi ajudando, e o pessoal, contribuindo. Levo um caminhão lotado de brinquedos, cestas básicas, roupas e pipocas”, conta. Com a ajuda dos filhos, Carvalho distribui os presentes de Ibirité, na região metropolitana, a Crucilândia, na região Central de Minas.
Projeto em BH ajuda moradores de rua
FOTO: Lincon Zarbietti |
Voluntários do projeto Banho de Amor, no centro da capital, ajudam moradores de rua |
Muita gente tem vontade de se dedicar a um projeto voluntário, mas acaba não tirando a ideia do papel por causa da correria do dia a dia ou mesmo por preguiça. Por isso, o empresário Marcos Calmon, de 45 anos, acredita que é importante agir mesmo que por impulso. “Se a gente fica pensando demais, não faz nada nunca”, afirma.
No início do ano, ele criou o projeto Banho de Amor, dedicado a retirar moradores de rua dessa situação. “Nasceu de uma angústia muito grande de ver como essas pessoas vivem”, diz.
Com mais de 1.300 voluntários, o grupo realiza ações no centro da capital. Eles oferecem atendimentos médico e odontológico, corte de cabelo, alimentação, banho e roupa nova. O grupo tem parcerias com casas de recuperação do vício em álcool e drogas, paga passagens para o interior e ajuda na reinserção no mercado de trabalho.
Como ajudar
Seja Papai-Noel durante o ano todo:
Doe sangue. Doar sangue não custa nada, salva vidas e pode ser repetido três vezes ao ano por mulheres e quatro por homens.
Ajude a manter uma instituição. Pequenos valores podem fazer diferença. Escolha um projeto com o qual você se identifica e doe dinheiro ou produtos.
Dedique tempo. Contar histórias, ler e brincar em creches, asilos e hospitais podem levar alegria a quem precisa.