“Acabar” com as inundações é uma meta praticamente impossível de se alcançar em uma cidade que foi ocupada no entorno de 700 km de córregos, segundo especialistas em engenharia hidráulica e recursos hídricos. Exigiria obras milionárias de médio e longo prazos e desocupação de áreas adensadas. Mas é possível minimizar, e muito, os impactos com recursos de engenharia e também com políticas de saneamento mais concretas.
“Há soluções mais difusas, como aumentar a área verde. É uma questão que envolve também os cidadãos, quando optam por implantar mais jardins em suas residências”, afirma Nilo de Oliveira Nascimento, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Não jogar lixo na rua também minimiza os impactos de temporais. A prefeitura da capital recolhe por dia de dez a 20 toneladas de lixo em bocas de lobo, o que impedem a passagem de água para os canais de escoamento. Outra medida realizada são as ações da Defesa Civil para alertar a população a não trafegar em locais com risco de inundação em dias de chuva, as quais vêm sendo ampliadas.
Mas os moradores da cidade ainda são pegos de surpresa pela rapidez das enchentes. O comerciante Pedro Henrique Campolina, 24, sempre morou perto da avenida Bernardo Vasconcelos, na região Nordeste, e já perdeu a conta do número de inundações que presenciou. No último dia 24, ele estava com a padaria aberta na hora da chuva e, em poucos minutos, viu freezers, mesas e cadeiras sendo levados pela água. “Foi como um tsunami. De repente, a água levou tudo. Os funcionários e os clientes só tiveram tempo de correr”, conta.
A moradora de um prédio na mesma avenida diz que a sirene testada pela Defesa Civil no local não funcionou. “Moro aqui há nove anos e vi de camarote (da janela do apartamento) todas as enchentes. É muito rápido. A água vem com tudo, e não dá tempo de fazer muita coisa. Pagamos IPTU caro. Alguma mudança tem que haver”, cobra a mulher, que pediu para não ser identificada.
Entenda AQUI o porquê de alguns pontos da capital sofrerem com enchentes há anos.
Resposta. A Defesa Civil informou que não há sistema de sirenes de alerta na Bernardo Vasconcelos, mas que todos os pontos de inundação da capital são sinalizados e há emissão de alertas.