Com 67% dos votos válidos, o deputado estadual José Antônio (PTB-GO), que substituiu o candidato assassinado durante uma carreata nesta quarta-feira (28), foi eleito prefeito de Itumbiara (GO).
O novo prefeito disse que determinou à coligação que não haja nenhuma comemoração. “Não há nenhum clima para isso”, disse em entrevista logo após a divulgação do resultado.
Apesar da orientação, ocorreram buzinaços e fogos de artifício no início da noite. A coligação atribuiu a “manifestações individuais”.
As sondagens de intenção de voto divulgadas na cidade até o assassinato indicavam uma ampla vitória do ex-prefeito José Gomes (PTB), morto no atentado, com cerca de 70% dos votos. O resultado da eleição indica que houve uma transferência maciça de votos de Gomes para José Antônio. Antônio, com apenas 27 anos de idade, define Gomes, que era seu primo, como seu “pai político”.
Sobre a transferência, Antônio afirmou à imprensa: “Recebi isso entendendo que o eleitorado que é do Zé Gomes manteve-se com ele, e entendeu que o meu nome de fato veio ao encontro daquilo que era apresentado pelo Zé Gomes”. Ele prometeu adotar o mesmo programa de governo de Gomes.
José Antônio recebeu 67% dos votos válidos, contra 26,1℅ de seu principal adversário, o empresário e também deputado estadual Álvaro Guimarães (PR). O terceiro colocado, o bancário Cesinha (PDT), ficou com 6,5% dos votos.
A 204 km de Goiânia (GO), Itumbiara tem cerca de 100 mil habitantes (11º mais populoso município de Goiás) e 67.122 eleitores aptos a votar. Desses, 88% compareceram às urnas neste domingo, com 11% de ausência.
Por decisão do PTB, José Antônio substituiu no pleito, a apenas um dia do final da propaganda eleitoral de rádio e TV, José Gomes, ex-prefeito de Itumbiara (2005-2012) e deputado federal por duas vezes.
Como o crime ocorreu a poucos dias da votação, a Justiça Eleitoral não conseguiu atualizar as urnas eletrônicas, que estavam lacradas e prontas para a eleição. Por isso, a Justiça divulgou inúmeros comunicados em emissoras de rádio e TV na cidade para esclarecer que o nome e a fotografia de Gomes seguiriam aparecendo nas urnas, mas todos os votos seriam computados para José Antônio.
Aos 58 anos, Gomes foi assassinado com um tiro de pistola disparado pelo servidor municipal Gilberto Ferreira do Amaral, 53, que também matou um segurança do candidato, o policial militar Vanilson Pereira, 36, e feriu o vice-governador de Goiás, José Eliton (PSDB), e outras pessoas, já fora de risco de morte. Todos participavam da carreata que encerraria a campanha eleitoral de Gomes nas ruas.
Com apenas 27 anos, Antônio disse que Gomes era seu “pai político”, tendo sido o responsável pela sua entrada na carreira política, como vereador de Itumbiara, e depois como deputado estadual.
Apesar do atentado que abalou o município, a votação foi tranquila em Itumbiara, sem registro de prisões ou atos de violência.
A oposição a Gomes repudia as suspeitas de que o atirador, Gilberto Amaral, tenha agido como parte de um complô político. No sábado (1º), a Polícia Civil divulgou nota em que afirma haver indícios de que Amaral tinha “transtorno psíquico devido ao uso de álcool”. O inquérito que deve determinar a motivação do assassino ainda não foi encerrado.
No sábado, uma irmã de Amaral, Divina, afirmou ter ouvido do irmão reclamar ter sido supostamente agredido por Gomes dias antes do atentado. A Polícia Civil já descartou que alguma agressão tenha ocorrido no dia do crime e a família de Gomes nega qualquer agressão física e diz que o candidato mal conhecia Amaral.