Um paquistanês de 32 anos suspeito de terrorismo acabou detido na manhã de domingo em casa, em São Sebastião, no Distrito Federal, pela Polícia Militar e encaminhado à Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Segundo informações da ocorrência da PM, o caso foi tratado, inicialmente como uma ocorrência da Lei Maria da Penha, com ameaças de morte à mulher, uma brasileira, e à família dela. Segundo denúncia da companheira, ele mataria os parentes dela e se suicidaria amanhã, utilizando explosivos, no Aeroporto Internacional de Brasília. Nenhuma das autoridades informou a identidade dos envolvidos.
A denúncia partiu da mulher do suspeito, que foi ao 21º Batalhão da PM, em São Sebastião. Em seguida, os PMs encaminharam o casal para a 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá, onde ficam concentrados os flagrantes na região durante o fim de semana. O objetivo da esposa era formalizar a ocorrência. Mas, ao chegar à delegacia, desistiu de prestar a queixa. Policiais militares acreditam que a desistência aconteceu por um desejo dela de que o acusado partisse logo do Brasil. Caso a acusação fosse registrada, o marido, que tem passagem comprada para o Paquistão, na terça-feira, ficaria preso e não embarcaria — ele deixaria Brasília hoje em direção a São Paulo. Segundo divulgou a PM, o bilhete de viagem foi encontrado em revista na casa dele. O retorno ao país estava previsto para setembro.
O delegado-chefe da 6ª DP, Marcelo Portela, disse que, em depoimento, em meio a conversas desencontradas, o estrangeiro comentou que detonaria explosivos no terminal aeroviário da capital federal. Como a acusação da Lei Maria da Penha feita pela mulher não foi formalmente registrada na 6ª DP, a Polícia Militar resolveu transferi-lo para a Polícia Federal por suspeita de terrorismo. Mesmo assim, até o fechamento desta edição, não era possível confirmar a veracidade da história. “Não há indícios de nenhuma célula terrorista na região”, atestou Portela. Apesar disso, o caso ganhou repercussão por causa das proximidades dos Jogos Olímpicos no Brasil.
Ontem, o casal e outros parentes também prestaram esclarecimentos na Superintendência da PF. Em nota, a corporação informou que “estão sendo efetuadas buscas de informações junto a organismos internacionais e que soltará hoje nota de esclarecimento sobre os fatos apurados”. Pelo menos até as 22h, o paquistanês permanecia detido na PF.
Contradições
Apesar da ameaça, o episódio é apurado pelas autoridades com cautela. Na avaliação dos policiais, há muitas contradições entre a versão da mulher e os fatos. Embora em todos os documentos ele seja paquistanês, a companheira alega que ele é argelino. O homem teria chegado ao Brasil durante a Copa do Mundo, em 2014, e conseguiu documentos brasileiros após o casamento.
Eles têm um filho de 1 ano. A PM entende que os dois estariam com o relacionamento em crise. As brigas eram frequentes por causa da guarda do menino, que o suspeito fazia questão de levar consigo na viagem ao Paquistão. Além da nacionalidade, a mulher questiona a veracidade de uma Certidão de Óbito apresentada para o casamento. Para poder se casar com a brasileira, o suspeito teria mostrado um documento falso que atestaria a morte da primeira mulher. Ela acredita que a outra companheira está viva e que ele tem outra família no Paquistão.
Em São Sebastião, onde o caso ganhou grande repercussão ontem, a vizinhança não confirmou conflitos entre o casal. Um vizinho, que não quis se identificar, afirmou que ele é “aparentemente um cara tranquilo”. O suspeito é visto saindo para trabalhar entre as 7h e as 8h, mas ninguém sabe a que horas volta à casa ou que tipo de trabalho ele tem.