Uma galinha é amarrada às costas de um cão, que é agredido por uma mulher; com gargalhadas, um homem posiciona uma bomba entre os animais e acende, e nos segundos seguintes são ouvidos ganidos do filhote, que corre quando é solto, e a explosão. A sequência de imagens integra uma filmagem gravada pelos dois suspeitos de maus-tratos a animais, e que circulou no Instagram após denúncia feita pela ativista Luisa Mell.
Com a divulgação, casal, que é de Onça de Pitangui, à região Central de Minas Gerais, foi detido na noite de quinta-feira (28) pela Polícia Militar (PM). Depois das agressões, suspeitos abandonaram cão a três quilômetros da residência deles, no povoado de Capoeira Grande – militares e moradores da região procuram pelo animal.
“Estamos com equipes e com a população à procura do animal que foi abandonado por eles. Após denúncias de maus-tratos, que chegaram a nós pelos moradores da cidade, iniciamos as diligências e localizamos os dois autores, que foram presos. Com eles recolhemos os materiais, as vestimentas que foram utilizadas no vídeo, o celular usado na gravação, as bombas, munições e até mesmo uma espingarda”, afirmou o sargento Duarte, da Polícia Militar do município de Onça de Pitangui.
Tortura
Cenas de violência contra o cão e a galinha foram filmadas e divulgadas pelos próprios suspeitos. A gravação começa com o homem terminando de amarrar a galinha às costas do cão com uma espécie de fita adesiva; a mulher segura o animal pelas patas dianteiras e dá tapas nele aos gritos de “sem-vergonha”. Ela gargalha, e joga o cão de um lado para o outro enquanto grita para o homem: “enfia, enfia aí, pode filmar”. É nesse instante que ele encaixa a bomba nos animais e acende, gritando, também às gargalhadas, para que o cachorro saia correndo. Nos instantes seguintes, o cão tenta desvencilhar-se da bomba e da galinha rolando com as costas no chão; quando percebe que não conseguirá, ele corre em desespero e desaparece das imagens. Segundos depois, ouve-se um estouro e os ganidos do chão, que chora. Além do casal, uma terceira pessoa aparece na filmagem.
Depoimento
Detidos após denúncias feitas à Polícia Militar, a mulher de 37 anos e o homem de 48 confessaram ter maltratado o animal. Eles alegaram que a galinha já estava morta quando foi amarrada, e confirmaram ter acendido as bombas para que estourassem. Criminosos disseram também que a tortura foi uma forma de corrigir o comportamento do cão, que teria atacado e comido galinhas por eles criadas. Após a tortura, de acordo com os suspeitos, o animal foi abandonado a cerca de três quilômetros de distância do povoado, em uma estrada. O cão, segundo os dois, é um filhote de apenas seis meses.
Os suspeitos foram detidos e levados à Delegacia de Polícia Civil de Pará de Minas, também na região Central de Minas Gerais. Na residência do casal, militares recolheram as roupas que aparecem sendo usadas pelos suspeitos na filmagem, 22 munições calibre .28, uma espingarda de pressão e cinco bombas de tamanho médio – como a que aparece na gravação.
Cão é encontrado
Na tarde desta sexta-feira (28), a Polícia Militar informou que o cão torturado foi encontrado abandonado em uma estrada bastante assustado. Ele também possuía dois ferimentos, aparentemente leves, um nas costas e outro na orelha.
A Polícia Militar informou que o animal foi encaminhado à uma clínica veterinária, situada no município de Pitangui, onde passará por tratamento e depois será encaminhado a uma das duas ONGs que ajudaram na sua localização, a Fucinho Carente de Pitangui e a Aumigo, de Conceição do Pará. Os militares informaram que ambas atuam em prol dos direitos dos animais.