Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, um caso de assédio em Belo Horizonte contra várias meninas mostrou que as mulheres ainda mais têm mais lutas que comemorações.
As jovens se candidataram à vaga de recepcionista para um estúdio de tatuagem no bairro São Gabriel, mas acabaram recebendo propostas sexuais do tatuador.
A denúncia começou nas redes sociais, mas virou caso de polícia. Já que as vítimas se uniram, registraram boletins de ocorrência e disseram que vão procurar a Delegacia de Mulheres.
De acordo com o relato das vítimas, o tatuador anunciou a vaga de recepcionista, porém, quando as meninas se candidatavam, elas eram assediadas com propostas de sexo oral, beijos e tatuagens na virilha e seios.
Serviços sexuais para ele e clientes
“Ele falou que precisava de uma menina mais assanhada e que chamasse a atenção dos homens, que trabalhasse com roupas decotadas, que teriam homens que dariam em cima de mim. E era para eu corresponder. Me perguntou até se caso um cliente chegasse pra fazer uma tatuagem e quisesse que a recepcionista fizesse um sexo oral para ele e se pagasse bem se eu aceitaria”, contou uma das meninas assediadas durante a entrevista.
A jovem contou ainda que depois que saiu do estúdio recebeu mais uma mensagem do tatuador. “Ele perguntou onde eu estava e disse que estava muito afim de me beijar. Disse para eu descer do ônibus e que me pegava e me traria em casa”, complementou.
Para uma candidata, ele chegou a perguntar, por telefone, a altura dela e sugeriu que ela podia fazer sexo oral nele. O tatuador disse que ela faria várias funções no balcão e que poderia abaixar para pegar produtos ou fazer sexo oral nele. Se ele gostasse, não tinha como pedir para parar.
Ouça trecho da ligação em que há proposta de sexo oral em entrevista de emprego
Tatuagem em troca de sexo
O suspeito oferecia também fazer tatuagem nas meninas em troca de favores sexuais. “Conversei com ele pelo Whatsapp e ele disse que eu só ia fazer a entrevista se eu deixasse ele me tatuar, porém o desenho teria que ser feito na virilha ou nos seios e se eu não permitisse isso, eu não conseguiria nem a entrevista e nem a vaga”, contou outra jovem que também foi assediadas.
Em relatos publicados pelo Facebook, algumas vítimas disseram que o suspeito chegou a tentar beijá-las. As meninas reproduziram conversas com o suspeito pelo Whatsapp em que ele diz: “Estava pensando em tirar uma casquinha enquanto tatuamos”. Para outra vítima o suspeito propôs que ela fosse além de recepcionista também amante dele.
Fotos eram exigidas antes da entrevista
As candidatas a vaga contaram que inicialmente ele pedia fotos para ver se as meninas tinham perfil para o estúdio de tatuagem. Ele pedia fotos de rosto e também de corpo. Além de fotos das tatuagens que as meninas tivessem. O suspeito sugeria ainda que as meninas usassem roupas confortáveis como vestidos no trabalho.
Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Civil informou que há um registro do próprio tatuador contra uma das denunciantes por difamação. A reportagem de O TEMPO entrou em contato por telefone com o tatuador, que não se pronunciou sobre as denúncias de assédio e disse apenas que a polícia foi acionada.
Pelo seu Facebook, o tatuador chegou a dizer que os assédios teriam sido feitos por um outro funcionário que estava cuidando do Whatsapp do estúdio, depois ele apagou seu perfil da rede social.