Hoje é um dia histórico para a ciência. É a primeira vez que conseguimos registrar a imagem de um buraco negro. Sua gravidade é tão extrema que, nada, nem mesmo luz, pode escapar das bordas de seus limites. Mas alguns, especialmente os supermassivos que habitam os centros das galáxias, acumulam discos brilhantes de gás e outros materiais. E é por essa razão que podemos ver tal foto.
A captação foi realizada por uma rede de telescópios de abrangência mundial, chamada de Telescópio Event Horizon, que ampliou o monstro da galáxia M87 para gerar essa figura. O buraco negro em questão mede 40 bilhões de quilômetros de diâmetro — 3 milhões de vezes o tamanho da Terra — e está a 500 milhões de trilhões de quilômetros de distância daqui.
Apesar de parecer apenas uma “rosquinha” desfocada, esse material é muito importante para o que sabemos sobre o universo. O halo brilhante é causado pelo gás superaquecido que cai no buraco. A luz é mais brilhante do que todas os bilhões de outras estrelas da galáxia combinadas — e é por isso que pode ser vista a uma certa distância da Terra. A borda do círculo escuro no centro é o ponto no qual o gás entra.
A expectativa agora é que essa primeira imagem dê mais pistas sobre o funcionamento de tudo e que mais material possa ser observado no ano que vem, quando teremos mais dois telescópios para isso — vale lembrar que houve outras tentativas, mas o mau tempo, por exemplo, não ajudou.
Desde já, esse é um grande feito, como observa o físico Clifford Will, da Universidade da Flórida em Gainesville. “Isso é fantástico. Ser capaz de realmente ver essa sombra e detectá-la já é um tremendo de um primeiro passo.”