Se na carreira o momento é de estabilidade, na vida pessoal incertezas rondam Thiago Lacerda. Com 40 anos de idade e 20 de carreira, o Darcy de “Orgulho e Paixão” soma mais um protagonista para sua extensa lista.
Já o motivo de suas preocupações são os três filhos: Gael, 10, Cora, 8, e a caçula, Pilar, 4, frutos de seu casamento de 17 anos com Vanessa Lóes. Ele teme pelo futuro das crianças no Brasil e não esconde o desejo de deixar o país.
“Tenho essa vontade todos os dias. É um conflito pessoal, como se fosse jogar a toalha, e não sou assim. Quando se tem filhos, as coisas mudam de lugar. Aqui está complicado. Ficar é uma decisão corajosa e difícil, especialmente no Rio. Sou carioca, amo, mas anseio por um lugar mais justo, limpo, honesto e educado”, disse o ator à reportagem, durante um intervalo das gravações da trama nos Estúdios Globo.
Para Thiago, o país vive um dilema moral: “É difícil olhar para esse abismo ético. Os brasileiros perderam a humanidade. Como ver um menino de 7 anos no semáforo e não pensar que ele deveria estar na escola? Não vou ver meu povo com igualdade de direitos enquanto for vivo”.
Apesar do pessimismo, Thiago pondera sobre sair do Brasil. “Acabo tangenciando um risco de segregá-los (seus filhos) da cultura, da cidade, dos amigos. Dá para viver no Brasil e no Rio, mas com dignidade e orgulho está difícil. Vamos caminhando. Essa luta precisa de coragem, paciência e educação. O processo de mudança é lento.”
Por outro lado, o trabalho na trama de Marcos Bernstein tem trazido satisfação a Thiago, que faz par com Nathalia Dill, a Elisabeta.
“O casal é um barato, um sucesso. As pessoas me param na rua, adoram os personagens, torcem por eles. Também fazem alusão à obra [os livros da inglesa Jane Austen são ponto de partida da novela]. É muito legal que as pessoas conheçam e leiam mais.”
Em “Orgulho e Paixão”, Darcy se apaixona por Elisabeta e passa a questionar seus preconceitos e valores por conta de seu amor por ela, que é uma mulher à frente de sua época. Em sua vida, Thiago diz que já viveu algo semelhante.
“Mudamos com o tempo, vamos vivendo mais coisas e nos transformando. Relações também fazem parte desse processo de autorreflexão, autoconhecimento e acho bonito quando pode se dizer isso ao parceiro. Se propor, se permitir essa reflexão sobre si mesmo, achar mecanismos em você que te levam a mudar para continuar junto com alguém é talvez a coisa mais legal de um relacionamento”, afirma.