Muito se ouve falar sobre a loucura e sobre o medo que as pessoas têm de se tornarem loucas. Afinal, o que é a loucura?
Para entendermos melhor, precisamos voltar no tempo, mais especificamente na idade média, onde eram tidos como loucos aqueles que eram considerados desprovidos de “razão”, e por esse motivo eram excluídos da sociedade como se fossem leprosos.
Loucura como castigo
Por muito tempo a loucura foi vista como castigo aos pecadores e portanto estes estariam possuídos pelo demônio.
Quando analisamos a história da loucura nos deparamos com inúmeras situações desumanas vivenciadas por aqueles que eram considerados doentes mentais. Muitas vezes estes eram espancados, torturados e sequer tinham suas necessidades básicas atendidas. Choques, camisa de força e correntes faziam parte do dia a dia dessas pessoas.
O louco por muito tempo não teve espaço na sociedade e nem mesmo era considerado um ser humano, ficando recluso em hospitais que também abrigavam ladrões, prostitutas e todos aqueles que não eram aceitos pela sociedade.
Com o passar do tempo, filósofos, profissionais de saúde mental e outras figuras de grande importância, lutaram para modificar um pouco desse cenário e buscaram humanizar o tratamento dessas pessoas.
Todas essas lutas pretendiam mostrar que excluir, isolar, privar da liberdade e torturar são atitudes inadmissíveis para com qualquer pessoa, pois é impossível que alguém se sinta bem ou melhore sendo tratado de forma tão cruel.
Atualmente além das mudanças no tratamento dessas pessoas, mudou-se também a forma de se referir a elas. Não devemos dizer que alguém é louco, e sim portador de transtorno mental ou uma pessoa com sofrimento psíquico.
Os transtornos mentais são alterações do funcionamento da mente que prejudicam o desempenho do indivíduo na vida familiar, pessoal, social, no trabalho, nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na possibilidade de autocrítica, na tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida em geral, não deixando nenhum aspecto da condição humana intocado.
Porém, na verdade, devemos tratar as pessoas com transtornos mentais primeiramente como seres humanos, deixando de lado a rotulação, pois ninguém deve ser visto como o(a) depressivo(a) ou esquizofrênico(a). As pessoas precisam ser vistas além do seu transtorno, com sua essência, seus desejos, sonhos.
A história da “loucura” passou por algumas modificações ao longo desses anos, porém é preciso mudar muito mais, e a mudança mais importante está na desconstrução dos nossos conceitos em relação a pessoa com transtorno mental.
O amor e o respeito são mais terapêuticos que qualquer outro tratamento, e o mais importante é que não há limite de dosagem!
Indicação de filme sobre a história da loucura e o poder da humanizado no tratamento de pessoas portadoras de transtornos mentais: “Nise. O coração da loucura.”
Daniela Lourenço Miranda Cortes — Psicóloga
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