As duas travestis que participaram do sequestro e homicídio da jovem Greiciara Belo Vieira, de 19 anos, que teve o bebê roubado de sua barriga em 2016 na cidade de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, foram condenadas durante júri popular realizado nessa quinta-feira (28) no município.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o júri, que teve mais de 11 horas de duração, foi presidido pelo juiz Silas Dias de Oliveira Filho, da 1ª Vara Criminal da cidade. A travesti conhecida como Mirela recebeu uma pena de 19 anos e 8 meses de reclusão em regime fechado, enquanto a outra, chamada de Iasmim, foi condenada a 25 anos e 9 meses de prisão.
As penas são relativas aos crimes de ocultação de cadáver, sequestro qualificado, perigo à vida ou saúde de outrem (o bebê), subtração de incapaz para fim de colocação em família substituto e homicídio qualificado (por motivo torpe, por impossibilitar a defesa da vítima, emprego de meio cruel e para assegurar a execução de outro crime).
As duas travestis e outras quatro pessoas, entre elas a mandante do crime, estão detidas desde a época do crime. Conforme o TJMG, ainda não há uma data definida para o júri popular dos outros réus do caso.
O crime
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), no dia 19 de agosto de 2016, Greiciara Belo Vieira, de 19 anos, grávida de 9 meses, foi morta com requintes de barbárie para a retirada do bebê que ela esperava. Para o MP, Shirley, uma ex-garota de programa, simulava a gravidez de um homem com quem vinha se relacionando, de alto poder aquisitivo, enganando a ele e aos próprios familiares dela. Para terminar de acobertar a farsa que já mantinha há alguns meses a fim de manter o namoro, ela decidiu roubar um bebê.
No dia 17, Shirley conversou com a travesti Mirela, amiga de Greiciara, solicitando sua ajuda e prometendo-lhe como recompensa certa quantia em dinheiro e um telefone celular. No dia seguinte, as duas foram para Uberlândia, também no Triângulo Mineiro, e encontraram com os outros acusados, que também foram contratados por Shirley. Neste dia, Mirela fez contato com Greiciara, afirmando que tinha algumas roupas e enxovais de bebê, combinando um encontro próximo à casa da vítima. As travestis Mirela e Yasmin buscaram a grávida de carro e levaram ao encontro da suposta mandante do crime.
Chegando ao local, os acusados ofereceram uma bebida contendo soníferos à Greiciara. Foi neste momento em que os envolvidos decidiram levar a vítima até um canavial próximo a uma represa em Ituiutaba para realizar o parto forçado sem que os gritos chamassem a atenção dos vizinhos. Shirley não acompanhou os acusados por tinha recebido uma ligação do namorado.
Ainda de acordo com o MP, antes de chegar no canavial, Greiciara sequestrada foi amordaçada com um macacão de bebê dentro do carro. Chegando ao local, Jacira fez o parto sem qualquer anestesia com a vítima ainda cosciente e pedindo socorro. O bebê foi entregue à Yasmin.
Feito o parto, Michel e Luis colocaram uma pedra grande dentro da barriga ainda aberta de Greiciara, para que ela afundasse na água, e enrolaram seu corpo em uma tela de arame farpado que já estava dentro do carro. Segundo o Ministério Público, os dois homens pegaram a vítima pelas mãos e pelos pés e a jogaram na represa ainda com vida, tendo ela morrido por asfixia. Todos os acusados estavam convictos de que o corpo permaneceria no fundo e jamais seria encontrado.