O presidente Donald Trump usou palavras ofensivas na última quinta-feira durante um encontro com congressistas sobre a reforma migratória, ao perguntar por que os Estados Unidos deve aceitar pessoas procedentes de “países de merda”.
O chefe de Estado se reuniu com senadores e legisladores na Casa Branca para falar sobre uma proposta bipartidária que limitaria a reunificação familiar e o chamado programa “sorteio de vistos”, em troca de evitar que centenas de milhares de jovens em situação irregular sejam deportados.
“Por que todas essas pessoas de países de merda vêm para cá?”, perguntou Trump, segundo relataram fontes ao jornal The Washington Post.
O jornal The New York Times noticiou a mesma informação, citando pessoas próximas ao encontro.
O presidente se referia cidadãos do Haiti, do El Salvador e de países africanos. Ele sugeriu, ao mesmo tempo, que os Estados Unidos deveriam receber imigrantes de lugares como Noruega, país com cuja primeira-ministra se reuniu na quarta-feira.
Os comentários de Trump alarmaram os congressistas que participaram da reunião.
O senador republicano Lindsey Graham e o senador democrata Dick Durbin foram à Casa Branca para apresentar sua proposta bipartidária, mas para o encontro também foram convidados ativistas republicanos com uma posição muito dura a respeito da imigração.
Os dois estão tentando obter uma solução para os chamados “dreamers” (sonhadores), os quase 800.000 jovens sem documentos que chegaram aos Estados Unidos ainda quando eram crianças.
Trump anulou em setembro do ano passado a chamada Ação Diferida para os Chegados na Infância (Daca), aprovada pelo ex-presidente Barack Obama em 2012, concedendo estatuto legal temporário aos milhares de jovens em situação ilegal
Com sua decisão, Trump abriu as portas para sejam deportados.
Mas um juiz de San Francisco bloqueou na terça-feira a medida ao assinalar que o argumento do governo e ordenou ao Executivo “que mantenha o programa Daca em nível nacional, nos mesmos termos e condições antes de ser suprimido em 5 de setembro de 2017”.
Em sua decisão de 49 páginas, Alsup alegou que o argumento do Departamento de Justiça para eliminar o programa, apontando que é ilegal, é “uma premissa legal com falhas”.
A Casa Branca não desmentiu as palavras ofensivas de Trump, mas ressaltou seu esforço em encontrar uma solução para esses migrantes sem papéis.
“Alguns políticos de Washington preferem lutar por países estrangeiros, mas o presidente Trump sempre luta pelo povo americano”, afirmou em comunicado Raj Shah, um porta-voz do governo.
“Agora podemos dizer com 100% de certeza que o presidente é um racista, que não compartilha os valores de nossa Constituição”, disse, por sua vez, o congressista democrata Luis Gutiérrez.
Fonte: Estado de Minas